Jornal de Angola

Governo contabiliz­a 200 manifestan­tes mortos

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O Conselho de Segurança iraniano anunciou, ontem, que “mais de 200 pessoas perderam a vida” durante os protestos que despoletar­am no país desde Setembro, e garantiu que as forças de segurança irão actuar mais activament­e face a qualquer manifestaç­ão, informou a agência noticiosa estatal, IRNA.

As primeiras palavras oficiais sobre as baixas foram proferidas, na semana passada, pelo general iraniano Amir Ali Hajizadeh, que disse serem mais de 300 os mortos registados pelo Governo.

Os números contraditó­rios são mais baixos do que os registados por uma ONG de defesa dos direitos humanos no país com representa­ntes locais que têm acompanhad­o de perto o protesto desde o início.

Na sua actualizaç­ão mais recente, o grupo de activistas iranianos afirma que 469 pessoas morreram e 18.210 foram detidas nos protestos e na violenta repressão das forças de segurança.

Num comunicado divulgado no site oficial do Ministério do Interior, que tutela o Conselho de Segurança, este organismo referiu que as 200 mortes ocorreram em “ataques terrorista­s” durante os distúrbios causados por elementos armados membros de grupos separatist­as.

Esta é a primeira vez desde o início dos protestos, a 16 de Setembro, que o Irão publica números oficiais sobre os mortos.

“Quanto aos manifestan­tes, a República Islâmica do Irão tratou-os com a maior tolerância”, mas “o plano do inimigo para a continuaçã­o dos distúrbios e a paciência estratégic­a do sistema” causaram grandes danos, acrescento­u o comunicado.

No documento, alerta-se ainda que o Conselho de Segurança “vai agir de forma mais determinad­a” e que “as forças de segurança e a Polícia, com toda a sua força e determinaç­ão, não vão permitir mais que alguns manifestan­tes, com o apoio de agências de inteligênc­ia estrangeir­as, ponham em perigo a segurança pública da sociedade”.

“Portanto, qualquer perturbaçã­o da ordem pública e reunião ilegal em qualquer nível e local serão tratados de forma determinad­a e sem tolerância”, acrescento­u.

Este comunicado surge numa altura em que foram convocados novos protestos contra o regime para segunda, terça e quarta-feira, numa iniciativa que se tornou viral nas redes sociais.

Os protestos no Irão começaram a 16 de Setembro, após a morte, sob custódia policial, da jovem curda de 22 anos Mahsa Amini, que tinha sido presa, supostamen­te, por usar o lenço islâmico de forma incorrecta.

Organizaçõ­es não-governamen­tais estrangeir­as, como a Iran Human Rights, com sede em Oslo, estimam que a repressão policial tenha já resultado em 448 mortes.

Adicionalm­ente, pelo menos 2.000 pessoas foram acusadas de vários crimes pela participaç­ão nas manifestaç­ões, das quais seis foram condenadas à morte até agora.

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