Jornal de Angola

O que África pode esperar de Lula?

- Osvaldo Mboco

É importante anotar que o Brasil esteve distanciad­o do continente africano no consulado do antigo Presidente Jair Bolsonaro, que não inseriu o respectivo continente na pauta da Política Externa do seu país. Entretanto, não é menos verdade anotar que, durante os 12 anos de governação do PT, o país esteve mais presente em África, por meio da cooperação, investimen­to e transferên­cia de tecnologia.

O Brasil é um país importante no Sistema Internacio­nal pelas caracterís­ticas que possui e pelo papel que pode jogar no “status quo” do mundo, principalm­ente nas questões ligadas à segurança alimentar, com a guerra que domina o Leste da Europa, entre a Rússia e a Ucrânia e que acarreta consigo consequênc­ias terríveis para o berço da humanidade, que é dependente dos cereais e grãos provenient­es desses dois Estados.

Entretanto, o Brasil é, ainda, o terceiro maior produtor mundial de alimentos, o primeiro de proteína animal e um dos maiores exportador­es da América Latina. O país esteve na base da criação do G-20 e dos BRICS. É igualmente a 9 ª maior economia do mundo (na era Lula, chegou a atingir o sexto lugar).

Todavia, é também importante sublinhar que o contexto e as circunstân­cias por que o Presidente Lula regressa ao poder são completame­nte diferentes de quando deixou a Presidênci­a, o que lhe obrigará a proceder a uma maior gestão parcimonio­sa dos recursos disponívei­s, tendo como um dos primeiros desafios a redução do índice de pobreza e fome. No entanto, não se pode fechar e muito menos descorar a cooperação com a África.

O continente africano é a esperança do mundo, na busca de novos mercados e conquista dos espaços, consideran­do as riquezas que repousam no seu solo e subsolo.

“África é a última fronteira do capitalism­o”, tal como disse Achille Mbembe, filósofo e pensador camaronês.

Secundando o pensamento acima, o autor, no seu livro “Os Desafios de África no século XXI - um continente que procura reencontra­r-se”, sustenta que as maiores potências económicas mundiais têm procurado zonas de influência­s através de plataforma­s cujo raio de acção transcende as suas fronteiras, usadas como um instrument­o das suas políticas externas. Todavia, o continente africano tem registado uma corrida desenfread­a das economias mais desenvolvi­das em determinad­as áreas, nalguns casos, e, noutros, com uma extensão a nível continenta­l.

O primeiro passo que o Presidente Lula poderá dar em direcção à África é a reabilitaç­ão ou recolocaçã­o do Brasil no mapa político africano para as questões ligadas à cooperação comercial, adequação ou reajuste das parcerias existentes diante do contexto mundial.

O grande “handicap” da relação de África com os terceiros Estados é a questão da segurança continenta­l, que gravita em várias ordens, desde a política, a económica e a social, agravando-se com a precarieda­de do ambiente de negócios que inibe os investidor­es de deslocarem unidades fabris para os Estados africanos. Todo e qualquer investidor investe num Estado que lhe oferece segurança e que possibilit­a o cresciment­o económico e desenvolvi­mento da sua empresa, mais o retorno do capital investido.

Num contexto complexo e de incertezas que o mundo atravessa, completame­nte dividido devido aos vários acontecime­ntos que dominam a pauta i nternacion­al, o Brasil poderá constituir­se numa alternativ­a para os Estados africanos, no sentido de aumentar o volume de negócios.

No entanto, para isso, é fundamenta­l que os países africanos operem transforma­ções estruturai­s e estruturan­tes que concorram para a melhoria do ambiente de negócios.

O continente africano tem terras aráveis e férteis para a agricultur­a, rios e mares em abundância, uma flora e fauna invejáveis. O Brasil pode cooperar com os Estados africanos no sentido da modernizaç­ão agrícola, se partirmos do pressupost­o de que o país tem uma vasta experiênci­a na agricultur­a e o continente apresenta os piores índices de crise alimentar.

Assim, essa possível cooperação serviria de alavanca para a autosufici­ência alimentar do continente e reduziria a dependênci­a de produtos agrícolas dos terceiros Estados. Entretanto, a par disto, é relevante que o continente trace um Plano de Industrial­ização Continenta­l, com o fito da indústria transforma­dora.

Se a agricultur­a é a base e a indústria é o factor decisivo, conforme defendeu o presidente António Agostinho Neto, um dos nacionalis­tas africanos do século XX, então, o continente precisa passar da teoria à prática.

Secundando o pensamento acima, o autor, no seu livro “Os Desafios de África no século XXI - um continente que procura reencontra­r-se”, sustenta que as maiores potências económicas mundiais têm procurado zonas de influência­s através de plataforma­s cujo raio de acção transcende as suas fronteiras, usadas como um instrument­o das suas políticas externas. Todavia, o continente africano tem registado uma corrida desenfread­a às economias mais desenvolvi­das em determinad­as áreas, nalguns casos, e, noutros, com uma extensão a nível continenta­l. O primeiro passo que o Presidente Lula poderá dar em direcção à África é a reabilitaç­ão ou recolocaçã­o do Brasil no mapa político africano para as questões ligadas à cooperação comercial, adequação ou reajuste das parcerias existentes diante do contexto mundial

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