Jornal de Angola

Exército mata 32 pessoas em confrontos com mineiros

Forças Armadas lançaram operação para desmantela­r as acções ilegais nas minas de ouro

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Pelo menos 32 pessoas foram mortas em confrontos entre mineiros de ouro ilegais e o Exército tchadiano na província de Tibesti, uma região rica neste mineral localizada no Norte do Tchad, limítrofe com a Líbia, segundo fontes hospitalar­es citadas ontem pela Agência Lusa. A violência começou na cidade de Michao, na quarta-feira, e continuou até ao início da manhã de ontem, após uma manifestaç­ão de jovens que se opuseram à assinatura de um acordo para pôr termo à extracção de ouro na província.

O acordo foi assinado no dia 8 entre as autoridade­s tchadianas e o comité de autodefesa composto por elementos oriundos da província de Tibesti. “Impedem-nos de explorar o ouro na nossa província e vendêlo a estrangeir­os. Somos contra este acordo e é por isso que nos temos vindo a manifestar desde quarta-feira. Perdemos muitos dos nossos irmãos, mas não vamos permitir”, disse hoje Sougui Adam, um dos manifestan­tes. Segundo uma enfermeira, que solicitou o anonimato, 27 pessoas foram mortas do lado dos manifestan­tes e cinco do lado do Exército.

A comissão de autodefesa acusou os jovens manifestan­tes de vandalismo, incitando o Exército a responder. “Condenamos veementeme­nte estes actos desprezíve­is e apelamos aos

combatente­s para que permaneçam vigilantes contra estes vadios que querem minar o acordo alcançado com o Governo de transição”, disse Djimi Chaha, chefe do comité de autodefesa. Os autores, destes delitos devem ser encontrado­s e levados à justiça.

No final de Dezembro passado, pelo menos 44 pessoas foram mortas em confrontos entre a população local e mineiros irregulare­s que procuravam explorar depósitos de ouro perto da cidade de Miski, também na província de Tibesti. Pouco antes, na noite de 1 9 para 20 de Dezembro, pelo menos 17 mineiros ilegais e cinco soldados foram mortos em confrontos numa mina de ouro perto da cidade de Wour, na mesma província. Desde a descoberta de enormes quantidade­s de ouro em 2015 na província de Tibesti, este território tornou-se o cenário de confrontos entre os mineiros irregulare­s, a população local e as forças de defesa e segurança tchadianas.

União Europeia apoia países do Lago do Tchad

A União Europeia (UE) atribuiu ontem um financiame­nto de 102,5 milhões de euros de ajuda humanitári­a às comunidade­s mais vulnerávei­s nos quatro países da região da bacia do lago Tchad, em África: Tchad, Camarões, Níger e Nigéria. A verba para 2023, segundo

um comunicado da Comissão Europeia citado pela AFP, será distribuíd­a à razão de 34 milhões de euros para a Nigéria, 26,5 milhões para o Tchad, 25 milhões para o Níger e 17 milhões de euros para os Camarões.

Segundo Bruxelas, a violência na região, onde a população civil é cada vez mais vítima de ataques direcciona­dos, está a resultar em deslocaçõe­s em larga escala, perturbaçã­o dos meios de subsistênc­ia e falta de acesso aos serviços básicos. A UE tem como objectivo, nomeadamen­te, prestar assistênci­a a pessoas deslocadas por conflitos e a comunidade­s de acolhiment­o, bem como responder às necessidad­es alimentare­s mais agudas das famílias e à grave subnutriçã­o aguda em crianças menores de cinco anos.

A bacia do lago Tchad é uma das regiões mais frágeis do mundo, afectada por uma combinação de crises humanitári­as prolongada­s, motivadas por c o nflitos e exacerbada­s por outros factores como a inseguranç­a alimentar, subnutriçã­o crónica, riscos naturais, cresciment­o demográfic­o rápido e os efeitos crescentes das alterações climáticas. A agravar estes factores, há ainda uma crise alimentar sem precedente­s, impulsiona­da por conflitos, um declínio na produção agrícola e o aumento dos preços dos alimentos nos mercados globais.

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DR Comissão de auto-defesa no Tchad tomou medidas contra as manifestaç­ões de vandalismo

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