Prémio Teatro Duplas homenageia encenador Afonso Diniz
O encenador e directorartístico Afonso Diniz, mais conhecido nas lides das artes cénicas por “Amankwah”, é o grande homenageado, a título póstumo, da II edição do Prémio de Teatro Duplas, cuja inauguração acontece no dia 17 de Março, na Liga Angolana de Amizade e Solidariedade com o s Povos ( LAASP), e m Luanda.amankwah faleceu em Agosto do ano passado.
A informação foi avançada nesta quarta-feira pelo portavoz do concurso, Mac Gonell, durante o sorteio dos candidatos, realizado na Galeria dos Desportos, na Cidadela Desportiva. A organização do prémio justifica a escolha por t udo que f ez em prol do desenvolvimento das artes cénicas no país.
“Ele foi um grande exemplo para o teatro, infelizmente partiu muito cedo, deixando um grande vazio para as artes cénicas”, disse.
O grupo de teatro Angópera, de Luanda, é a agremiação que vai abrir a II edição da gala do Prémio Teatro de Duplas. Os espectáculos vão ser exibidos diariamente em duas sessões até 26 Março, disse, ao Jornaldeangola, o porta-voz do prémio, depois do sorteio. Além de Luanda, que reúne a maioria dos grupos, a II edição do concurso conta ainda com a participação de grupos das província do Bié, Malange, Huíla, Namibe, Cuanza- Norte e Cuando Cubango.
O alinhamento da segunda edição traz os Atelier de Arte Lucengomono, de Luanda, o grupo Água Perfomance, Etungo Teatro, Molãs do Chikokwe, da Huíla, FelomaMuzanzala, Projecto de Arte
Vida, Kalaukimona, do Cuanza Norte, e Calacerma, da província do Namibe. Ainda para esta edição do prémio, estão agendados os espectáculos dos grupos Olombangue Teatro, do Bié, Desejado da Kianda, Fénix Teatro, Estrelas ao Palco, do Cuando Cubango, Ndanji Teatro, Bantu Horizonte Teatro, de Malange, Amazonas Teatro, Ekuiki II, Projecto Invisível e Bocas de Cena, do Bié.
Para o porta-voz do prémio, os grupos que não apresentaram os seus guiões foram desqualificados de acordo com o regulamento que prevê que as sinopses devem ser apresentadas no acto das inscrições.
Objectivo
Segundo odirector-geral do concurso, Walter Cristóvão, tem como objectivo estimular a pro
dução teatral e incentivar o reconhecimento de quem se dedica com afinco à arte de representar, bem como dar espaço a actores em início de carreira.
Para Walter Cristóvão, homenagear a título póstumo quem em vida deixou uma marca, um alicerce neste sólido cultural na disciplina de teatro, também é uma das finalidades do evento, bem e juntar-se às actividades comemorativas ao Dia Mundial do Teatro, que se assinala todos os anos a 27 de Março.
O concurso, salienta, tem um prémio estadia que tem como intenção garantir a hospitalidade dos grupos participantes, que vem de outras localidades do país, permitindo assim uma hospedagem sã das agremiações.
Premiações
São premiadas 12 Categorias,
desde a melhor dramaturgia (50.000.00, um diploma de mérito), cenografia, produção, figurino caracterização, todos recebem 50. 000.00, um diploma de mérito e distinção Amankwahubuntu, em que o vencedor recebe da organização 150.000,00, assim como a melhor homenagem que também recebe 150.000.00 e diploma de mérito.
Ao primeiro classificado, a organização premeia 600.000, diploma de mérito e um troféu, o segundo classificado recebe 300.000.00, um diploma de mérito, enquanto que terceiro recebe 250.000.00 e um diploma de mérito.
O homenageado
Afonso Diniz era um apaixonado pelo teatro, modal i dade artística na qual conquistou inúmeros troféus.
Professor e repórter, “Amankwah”, como era conhecido artisticamente, foi eleito o Melhor Actor no Fe s t i va l d e Te a t r o d o Cazenga, em 2013. Foi um director artístico e encenador no grupo Kulonga, um dos mais titulados de Angola. Detém dentre outros prémios, o de Melhor Texto, Melhor Espectáculo de Drama e o terceiro lugar no Festival Internacional de Teatro de Ubá, em 2015, com a peça “Loucura de Barriga Vazia”. De recordar que o colectivo de teatro Kulonga conquistou cinco troféus na quinta edição do Festival Internacional de Teatro de Ubá, no Estado de Minas Gerais, no Brasil, na primeira participação de um grupo estrangeiro na iniciativa.
A peça, levada à cena em 50 minutos, retrata a vida de um actor que se sente incompreendido pela mulher e pela sociedade. Numa actuação notória de Afonso Diniz “Amankwá”, que na peça desempenhava o papel do jovem dividido entre o amor pela mulher, interpretado por Letícia Kambovo, e a paixão pelo teatro. Na peça, a mulher quer que o marido abandone o sonho de ser actor, porque o teatro não dá dinheiro.
O espectáculo foi montado com o objectivo de mostrar ao público as dificuldades vividas pelos artistas em Angola, em especial os do teatro. “Viver da arte ainda requer sacrifícios, ainda não se ganha o suficiente para poder sustentar a sua família e esta é uma realidade desconhecida por muitos”, assim j ustificou Afonso Diniz “Amankwá” sobre apeça, no ano em que foi apresentada no Brasil.