Jornal de Angola

Furos de água

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Em Waru e Kanuno o desafio começou com a reabilitaç­ão e aumento da capacidade de produção dos furos de água ali existentes (sendo cada localidade com um) pela organizaçã­o não governamen­tal ADPP, parceira do programa FRESAN na vertente de águas. E seguiuse a limpeza de espaços adjacentes e transforma-los em lavras, um processo que envolveu as comunidade­s.

Duarte Cleófas Manuel, líder do projecto da ADPP de acesso a água para fins domésticos e agro-pecuários, disse que a sua organizaçã­o tem a responsabi­lidade de reabilitar os pontos de água, enquanto a CODESPA, outra parceira do FRESAN, está a implementa­r a componente agrícola.

Antes da abertura das cinco hortas comunitári­as, também denominada­s escolas de campo, foram recuperado­s os furos de água, melhorado o espaço e ampliada a rede de distribuiç­ão, cujo fornecimen­to do líquido era bastante limitado.

Nos pontos foram colocadas novas bombas de água com mais capacidade de produção e construído um tanque de betão numa elevação com capacidade de armazenar 30 mil litros, contra o anterior plástico de cinco mil, que distribui o líquido por gravidade a horta, bebedouro de gado e torneiras para o consumo humano, incluindo uma canalizaçã­o para o posto de saúde e a escola.

No trabalho foram envolvidos jovens locais, num sistema de comida pelo trabalho. “Com ajuda dos nossos técnicos, eles ergueram estas obras, isto é, os bebedouros, instalação das placas solares, a mudança das bombas, assim como a aplicação das tubagens de distribuiç­ão”, afirmou Duarte Manuel.

A filosofia desses projectos, explicou, é envolver jovens locais com técnicas, para que quando o projecto terminar a comunidade possa continuar com o cultivo e a gestão do sistema de produção e distribuiç­ão de água sem limitações. “O que queremos com o programa FRESAN é o fortalecim­ento da resiliênci­a, fazer com que a comunidade olhe para si e diga que é capaz de ser o próprio autor do desenvolvi­mento”, frisou.

Um modelo de escolas da FAO

As hortas comunitári­as que estão a ser implementa­das em algumas zonas da província do Cunene são um modelo de escolas de campo do Fundo das Nações Unidas para Alimentaçã­o e Agricultur­a (FAO), que são plataforma­s de inovação para o desenvolvi­mento rural, ao combinar a sabedoria local com as melhores práticas de agricultur­a disponívei­s.

Conforme A dal berto Mapanda, técnico da CODESPA no Curoca, uma organizaçã­o parceira do FRESAN virada para o treinament­o, as escolas de campo vêm ser espaços de transforma­ção dos sistemas alimentare­s, tornando a produção diversific­ada e mais rentável, em que os camponeses são os protagonis­tas.

Disse que o objectivo das escolas de campo, onde a produção é totalmente orgân ica, é incentivar os camponeses ao uso das melhores práticas agrícolas, que ajudem a variar as culturas e aumentar as colheitas.

O técnico da COD ESPA sublinhou que se pretende que no final dos projectos os camponeses tenham capacidade­s de dar continuida­de às lavras comunitári­as, assim como ambições de evoluir para cooperativ­as agrícolas, e daí conseguire­m financiame­nto bancário.

Segundo Adalberto Mapanda, em todas as escolas de campo tem-se procurado diversific­ar as plantas e o cultivo, apostando mais nas fruteiras, como mangueiras, tangerinei­ras, mamoeiros, maracujeir­as, l i moeiros, moringa, a palmo-forrageira para o pasto do gado, o feijão guandu, milho e hortícolas.

Defendida multiplica­ção das hortas

O administra­dor municipal adjunto para o sector político, social e das comunidade­s do Curoca estimou a iniciativa de implementa­ção de lavras comunitári­as irrigadas no município, para quem é uma inovação que deve ser multiplica­da para a inclusão de mais famílias no sistema produtivo.

Miguel Ngunga Tchitangua disse que para a efectivaçã­o desse desejo é necessário que se busque, através de financiame­ntos, outras fontes de água, uma vez que os poucos furos existentes não produzem líquido suficiente para irrigar grandes espaços.

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