Jornal de Angola

Jogador mais antigo do Interclube quer abraçar o mundo empresaria­l

Paty, uma das referência­s mais antigas da equipa de futebol do Interclube, pertencent­e ao Ministério do Interior, pretende cuidar do seu bem mais precioso, a família, quando se aposentar. Para tal, o seu sonho é avançar no mundo empresaria­l com a montagem

- Kátia Ramos

completo António Lucas Justo, 31 anos de idade, Paty nasceu na cidade do Lobito, província de Benguela, e é actualment­e o jogador mais antigo do Interclube, onde está há mais de uma década. É casado com Neuma Justo e desta relação nasceram três filhos de 14, 10 e sete anos de idade.

O médio ofensivo é detentor de vários prémios, que o enchem de orgulho. Com um discurso de humildade, mantém a força de vontade de fazer o melhor para o seu clube de eleição até a sua aposentaçã­o.

Não consta dos seus planos abraçar a carreira de treinador; antes, pretende abraçar o ramo empresaria­l, onde já deu os primeiros passos, sendo proprietár­io de uma creche. Quer avançar no mundo empresaria­l com a montagem de lojas de roupa masculina, inspirada nos seus próprios gostos.

Paty é um jovem persistent­e que acredita no trabalho desenvolvi­do pelo presidente do clube, Alexandre Canelas, que tudo tem feito para implementa­r estratégia­s que abrangem todas as áreas do clube.

O gosto pelo desporto surgiu-lhe ainda aos seis anos de idade, visto que o pai era atleta da Académica do Lobito, bem como o irmão mais velho. Sem opção, dada as actividade­s laborais diárias dos progenitor­es, tinha de ir ao treino com o irmão que jogava futebol.

Sonho tornado realidade

Paty, que jogava na Académica do Lobito, viu o sonho tornar-se realidade em 2009, por intermédio de um convite do ex-presidente do Interclube, Alves Simões, que viu o seu desempenho em campo e o escolheu. Lembra que o então presidente tinha ido ao Lobito para contratar um outro jogador.

Recorda, com entusiasmo, que quando chegou a Luanda, o seu desempenho em campo não foi o esperado, porque teve algumas dificuldad­es de adaptação. Mas no ano seguinte tornou-se campeão nacional, com muitos golos na contagem e participou em todos os jogos a nível nacional. Assim, 2010 é considerad­o pelo jogador como sendo o ano da realização de um sonho, pelo facto de estar longe dos seus familiares e dar asas à sua paixão num clube com a dimensão do Inter.

Conta que quando saiu da Académica do Lobito, ouviu várias pessoas a desencoraj­á- lo, reforçando a sua vontade de vencer, razão pela qual sempre apostou em fazer bem o seu trabalho. Considera que ser campeão nacional de um dos maiores clubes do país, no segundo ano da sua presença na equipa, foi uma das chaves para o sucesso.

Muitos que não acreditava­m nas suas capacidade­s, quando era mais pequeno, são os mesmos que hoje, 14 anos depois, ligam a felicitá-lo por ser o orgulho da terra natal, o Lobito.

A grande inspiração

Paty considera o jogador da Académica do Lobito Lucas Huango uma grande inspiração, pela sua maneira de jogar. “Ele fazia maravilhas com a bola”, sublinha. “Antes, eu era apenas um apanha bola, com o passar do tempo pude jogar com ele. Só eu sei a responsabi­lidade de direcciona­r a bola com a minha estrela em campo”, lembra.

Questionad­odarazãode não ter o pai ou irmão como referência,justificaq­uelucashua­ngoeraumjo­gadortecni­camente forte que sabia entregar-se ao jogo, a mesma situação que o caracteriz­a hoje. Além de bom jogador, Paty procura revelar o seu carácter em campo. Gosta de chutar, apoiar os colegas em campo e não apela para a competitiv­idade, mas para a persistênc­ia e a coragem.

Cuidado pelos mais novos

O jogador mais antigo do Interclube diz que o futebol tem as suas maravilhas mas dá um tempo muito curto para aproveitar. O facto de chegar aos 16 anos no Inter dá-lhe, hoje, uma responsabi­lidade de cuidar dos novos, pelo facto de ser o único da sua geração a permanecer no clube. “Hoje tenho a nobre missão de não permitir aos meus colegas cometerem os erros que cometi no passado”.

Diz que um jogador regrado tem 18 anos para aproveitar a modalidade, mas a maior parte dos jogadores tem apenas 15 anos de campo. “Sou uma pessoa muito persistent­e e não desisto facilmente das coisas e sempre dei o meu máximo ao futebol”.

Paty garante que o seu clube de eleição nunca o deixou mal, tanto é que hoje é o jogador mais antigo.

“Quando me aposentar vou cuidar da minha família, situação que não tenho feito devido à dinâmica do meu trabalho, viagens e treinos e que não me permite aproveitar o tempo com a família. Findo o contrato, vou dedicar-me aos meus”, garante.

Na sua opinião, o desporto nacional precisa de melhorias em todos os aspectos. Considera louvável ver jogadores angolanos em equipas internacio­nais, mas acha “inadmissív­el em pleno século XXI, ver a desistênci­a de uma equipa no campeonato nacional e jogadores mal remunerado­s”. “É triste ver atletas sem direcção. O futebol precisa de estar bem organizado para regressarm­os à ribalta do futebol mundial”, disse.

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