Empenho policial na luta contra os raptos
O chefe do escritório da Agência das Nações Unidas sobre Droga e Crime (UNODC) em Moçambique reconheceu, ontem, o "empenho" das autoridades no combate aos crimes de raptos no país, garantindo apoio técnico e material.
"Vai demorar algum tempo, como é óbvio. São esforços que demoram tempo, mas o empenho que nós estamos a ver, dos nossos parceiros nacionais, é extremamente promissor", afirmou António De Vivo, em declarações aos jornalistas à margem da abertura, em Maputo, de um seminário sobre a Estratégia Nacional de Combate ao Crime Organizado em Moçambique.
O responsável acrescentou que a UNODC está a trabalhar com a Procuradoria-geral da República (PGR) e o Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) "em termos de capacitação técnica, assim como de fornecimento de equipamento especializado", para "implementar uma resposta mais eficaz", a qual ainda levará tempo. "As respostas podem demorar, mas o que eu posso garantir é que a resposta dos parceiros nacionais, do Sernic, da PGR, de todos os parceiros com os quais trabalhamos, é uma resposta muito séria. São todos parceiros que estão extremamente empenhados, compreendem todas as necessidades de uma resposta rápida e eficaz", apontou o chefe do escritório da UNODC.
António De Vivo disse que ainda "precisa de ser aprofundado" e "investigado" se estas redes que se dedicam aos raptos em Moçambique, sobretudo de empresários, libertados mediante pagamento de resgate, estão "ligadas ou não".
A UNODC é uma agência das Nações Unidas especializada nos assuntos de justiça criminal, droga e crime, estando a colaborar com o Governo de Moçambique ao abrigo de um acordo-quadro para as áreas da criminalidade organizada transnacional, resposta à ameaça terrorista em Cabo Delgado e ao fenómeno da corrupção.
A onda de raptos em Moçambique começou em 2011, afectando sobretudo empresários e seus familiares, sendo frequentemente confirmada a participação de polícias e magistrados, entre outros, nestas redes, com ramificações que se estendem até à vizinha África do Sul. Após um período de relativa estabilidade, os casos voltaram a ser registados nos últimos anos, principalmente nas capitais provinciais, com destaque para Maputo.
A 20 de Janeiro, um empresário foi raptado na capital moçambicana por um grupo de homens armados, dois dos quais já detidos, mas a vítima "continua em cativeiro", segundo os últimos dados avançados pela polícia. No dia 16 de Janeiro, um gestor de uma loja de venda de mobíl i a foi ferido no abdómen durante uma tentativa de rapto frustrada por populares que atiraram pedras contra os autores do crime, disse à Lusa o porta- voz da Polícia em Maputo, Leonel Muchina.