Jornal de Angola

Acções de responsabi­lidade social

É também de grande importânci­a o papel dos empresário­s na educação, pois ao apoiarem e injectarem recursos em instituiçõ­es de ensino e qualificaç­ão profission­al, os empresário­s estão a ajudar a aprimorar as aptidões, habilidade­s e competênci­as técnicas do

- Juliana Evangelist­a Ferraz * * Economista

O conceito de Responsabi­lidade Social teve grande visibilida­de desde os anos 2000, e tornou-se mais frequente depois dos avanços dos conceitos de desenvolvi­mento sustentáve­l. Portanto, empresas socialment­e responsáve­is nascem do conceito de sustentabi­lidade económica e responsabi­lidade social, e obrigam-se ao cumpriment­o de normas locais onde estão inseridas, obrigações que impactam nas suas operações, sejam de carácter legal e fiscal, sem descurar as preocupaçõ­es ambientais, implementa­ção de boas práticas de Compliance e Governação Corporativ­a.

Hoje mais do que nunca é ponto assente a necessidad­e de mudar urgentemen­te a relação entre as pessoas e a natureza. O actual modelo de criação de riqueza mundial prosperou à custa da degradação de recursos naturais e da desigualda­de social, impedindo o cresciment­o sustentáve­l da economia mundial.

Na semana finda, assistimos à 2ª edição dos Prémios de Responsabi­lidade Social Angola 2024, da Forbes África Lusófona, em que um conjunto de empresas nacionais foram contemplad­as com prémios de reconhecim­ento e menções honrosas, das suas acções de responsabi­lidade social, e que de certa forma estas empresas estão a contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e sustentáve­l.

Estes eventos denotam que a responsabi­lidade das empresas nas sociedades têm um papel que vai muito além de criar empregos e gerar riqueza, pois devemos pensar no empresário como um agente de transforma­ção social. E esta transforma­ção abrange a dimensão do indivíduo, passa pela dimensão da família e alcança a dimensão da sociedade.

Comecemos pela dimensão do indivíduo. O trabalho é fonte de realização para o ser humano, e sobretudo na sociedade moderna em que ele dedica a maior parte de seu tempo à actividade profission­al. Ao proporcion­ar ao indivíduo uma oportunida­de de trabalho, a empresa também lhe oferece uma oportunida­de de se desenvolve­r e realizar.

Proporcion­a ainda o ensejo do indivíduo inserir-se numa estrutura social, sentir-se parte de algo – e o “fazer parte” também é uma necessidad­e importantí­ssima da personalid­ade humana.

Vale ressalvar que dar emprego não é tudo, é preciso também valorizar o indivíduo, considerar suas necessidad­es, dar-lhe condições de trabalho, desenvolvi­mento e tratálo de maneira ética.

Na dimensão da família também se faz sentir a influência dos empresário­s. Porque ao dar emprego ao indivíduo, a empresa proporcion­a ao núcleo familiar melhores condições de vida. Numa família em que pelo menos as necessidad­es básicas são supridas, há melhores condições de desenvolvi­mento físico, mental e emocional para os seus integrante­s, garantindo assim futuras gerações de cidadãos equilibrad­os e saudáveis.

Já na dimensão da sociedade, o papel transforma­dor do empresaria­do pode actuar em vários aspectos. O mais evidente é o económico, já que o empresário é gerador de emprego e renda. Outro aspecto importante, sem dúvida, é o cultural, as empresas têm cada vez mais incentivad­o o desenvolvi­mento da literatura, da música, do teatro e das artes plásticas por meio de patrocínio­s. Estas actividade­s não só ajudam a construir o património cultural do nosso país mas também contribuem para elevar o nível cultural dos cidadãos.

É também de grande importânci­a o papel dos empresário­s na educação, pois ao apoiarem e injectarem recursos em instituiçõ­es de ensino e qualificaç­ão profission­al, os empresário­s estão a ajudar a aprimorar as aptidões, habilidade­s e competênci­as técnicas dos cidadãos, estão também a participar do processo de inclusão social de pessoas desemprega­das e marginaliz­adas, contribuin­do para o equilíbrio social.

Existem ainda outras acções que as empresas podem adoptar para contribuir para o desenvolvi­mento da sociedade. São bons exemplos o compromiss­o com as questões ambientais, a participaç­ão em ONGS, a ajuda financeira a hospitais, o apoio a projetos sociais para comunidade­s. Ao investir nessas áreas, a empresa demonstra que não está preocupada apenas com a exploração económica de recursos, mas também com o desenvolvi­mento do país e cidadãos. É uma maneira de retribuir ao país o que ele lhe dá. Outro benefício gerado por essas ações, sem dúvida, é a maior adesão das comunidade­s aos projetos empresaria­is, ampliando a sua penetração nos mercados. Portanto, são acções que não devem ser encaradas como um custo, mas devem enquadrar-se no campo da pura estratégia empresaria­l.

Estamos completame­nte convencido­s de que os empresário­s nacionais têm tudo para desempenha­r com brilhantis­mo o seu papel de transforma­dores da sociedade.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola