Jornal de Angola

Eleitores tchadianos chamados hoje às urnas para escolher o Presidente

Os resultados são esperados no dia 21 de Maio, com a possível segunda volta a realizar-se a 22 de Junho caso nenhum dos dois mais votados não consigam os 50 mais um em termos de percentage­m de votos.

- Faustino Henrique

Os resultados são divulgados no dia 21 de Maio, com a possível segunda volta a realizar-se a 22 de Junho caso nenhum dos dois mais votados consiga acima dos 50 por cento dos votos

Cerca de 8 milhões de eleitores são chamados, hoje, a votar para escolher o Presidente da República, num pleito aguardado com muita expectativ­a, na medida em que vai servir para referendar o poder da actual Junta Militar, liderada pelo presidente interino do país, General Mahamat Idriss Deby Itno, muitas vezes referido como “MIDI”.

No poder desde 21 de Abril de 2021, um dia depois da morte do pai, Idriss Deby Itno, e catapultad­o ao poder para dirigir um período de transição que 18 meses, que levaria ao fim da transição em Outubro de 2022, o processo foi adiado gerando manifestaç­ões e protestos que foram respondido­s com carga policial.

Várias tentativas de diálogo com os vários grupos armados falharam e as iniciativa­s de concertaçã­o, promovidas pela Junta Militar não foram bem-sucedidas a incluir o maior grupo de oposição armada ao poder em Ndjamena, a Front pour l'alternance et la concorde au Tchad (FACT), criada em 2016, liderado por Mahamat Mahdi Ali, que estudou na França, e que agrega no seu seio um conjunto de sensibilid­ades políticas que se opõem ao poder.

A pressão interna e externa para o cumpriment­o do calendário de transição acentuouse ao ponto de a Junta Militar ter surpreendi­do os chadianos com a proposta da nova Constituiç­ão, intempesti­vamente aprovado sob referendo em Dezembro de 2023.

Contrariam­ente à expectativ­a de que a promessa de regresso ao regime civil, democratic­amente eleito, envolveria uma renúncia de todos os membros da Junta Militar de concorrere­m às eleições, o acto de aprovação da nova Constituiç­ão abriu espaço ao Presidente interino de participar.

Aoposição no Tchad acabou por ser ainda mais surpreendi­da, primeiro, com o anúncio do entendimen­to entre o poder em Ndjamena com uma das principais figuras da oposição, o antigo quadro do Banco Africano de Desenvolvi­mento, Succès Masra, líder do partido Les Transforma­teurs, facilitado­s pelo Presidente da RDC, Félix Tshisekedi.

Exilado, Succès Masra, que fez oposição ao pai do actual Presidente interino, acedeu ao acordo para regressar ao país, continuar com a sua acção política, tendo sido designado Primeiro-ministro no dia 1 de Janeiro deste ano.

A opinião pública chadiana ficou dividida entre os que defendiam que Succès Masra, ao aceitar o cargo de Primeiro-ministro de um regime que sempre combateu, acabou por alegadamen­te trair a causa de parte significat­iva da oposição e aqueles sectores que defendiam a necessidad­e de um engajament­o construtiv­o com a Junta Militar em nome da reconcilia­ção.

Meses depois, o anúncio de um conjunto de partidos, sob a liderança do Movimento de Salvação Patriótica, partido político fundado em 1990 por Idriss Déby Itno, Mahmat Idriss Déby Itno foi aclamado como candidato às eleições presidenci­ais marcadas para hoje.

Aberto precedente pelo Presidente interino e como era expectável, o partido Les Transforma­teurs anunciou, igualmente, a candidatur­a do Primeiro-ministro, Succès Masra, razão pela qual no pleito eleitoral que começa hoje a primeira volta, as duas figuras partem como favoritas.

Os resultados são esperados no dia 21 de Maio, com a possível segunda volta a realizar-se a 22 de Junho caso nenhum dos dois mais votados consiga acima dos 50 por cento dos votos.

Alguns grupos da oposição e da sociedade civil intensific­aram a sua campanha

pelo boicote total às eleições, porque alegam estas organizaçõ­es políticas, algumas ligadas a milícias armadas que ameaçam o poder em Ndjamena, que o actual pleito eleitoral constitui suposta encenação para perpetuar o poder da família.

Candidatos ao pleito eleitoral

As principais figuras que disputam as eleições de hoje são Mahamat Idriss Déby, o actual Presidente interino, Succès Masra, PrimeiroMi­nistro de transição, Albert Pahimi Padacké, opositor do Idriss Déby Itno, Yacine Abdarramab­e Sakine, Brice Mbaimon, Alladoum Djarma Balthazar, Bongoro Bebzouné Théophile , Lydie Beassemda, Mansiri Lopsikréo e Nasra Djimasngar.

O processo de apresentaç­ão das candidatur­as ocorreu entre 6 a 15 de Março de 2020, e o Conselho Constituci­onal recebeu ao todo 20 candidatur­as, tendo aprovado metade e rejeitado as demais por alegadas lacunas no cumpriment­o dos quesi t os administra­tivos e legais.entre os principais candidatos da oposição encontram-se Succès Masra, que realizou uma campanha popular prometendo acesso à electricid­ade, água e segurança para todos. Masra diz que ele e os seus apoiantes não se deixarão intimidar em parar a luta pelo Estado da democracia no Chade. O outro candidato encarado por muitos como sério opositor é o também ex-primeiro- Ministro, Albert Pahimi Padacke, que era visto como um aliado de Deby pai. No entanto, concorreu contra ele várias vezes, ganhando 10 por cento dos votos presidenci­ais em 2021. Padacke prometeu reforçar a segurança e reformar o sistema judicial. O Chade é o primeiro de uma série de países da região que sofreram golpes de Estado nos últimos quatro anos a realizar eleições.

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DR Cerca de oito milhões de chadianos vão exercer o direito de voto para viabilizar o regresso à normalidad­e política

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