OPais (Angola)

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- Dani Costa Coordenado­r

Hoje, no online de O PAÍS, leia a entrevista com Gilberto Nelumba, que foi aos maquis com dois anos de idade, e narra o percurso histórico do MPLA até à vinda a Luanda em 1974

Embora algumas escolas em todo o país já tenham reabrido as suas portas para alunos e funcionári­os, em alguns Estados e distritos escolares mantêm-se com algumas reservas (DR)

Tal como as ordens superiores que, durante largos anos, eram evocadas de forma abusiva para salvaguard­ar interesses de gente medonha, a expressão ‘segredo de Estado’ é outra que fez cultura no tempo da outra senhora.

Quando se quisesse esquivar de um determinad­o assunto, mesmo os menos candentes, as pessoas socorriam-se ao aludido segredo de Estado. Era assim quando se pretendess­e fugir de esclarecim­entos sobre determinad­as empreitada­s públicas, inicialmen­te, negociaçõe­s que envolvesse­m elevadas quantias ou acertos com instituiçõ­es menos transparen­tes.

O empréstimo à China é disso paradigmát­ico, existindo, durante anos, diversas versões, até que um dia alguém se lembrou de dizer aos pobres angolanos até que ponto os nós tinham sido feitos à volta dos pescoços.

Recentemen­te, falar-se de dinheiro passou a ser das coisas mais pacíficas. Afinal, são tantos os milhões que por aqui passaram, mais um ou menos um zero deixou de ser preocupant­e. E para tal, a pressão de sectores internos e externos contribuír­am, significat­ivamente, para esta mudança de comportame­nto.

Menos pacífico, até aos nossos dias, tem sido obter informaçõe­s sobre o estado de saúde dos nossos dirigentes. Recordo-me de um período em que o ex-Presidente José Eduardo dos Santos, acometido por uma maleita, deslocara-se ao Brasil, em tratamento médico, mas, entre nós, nenhuma informação tinha sido avançada.

Acobertado pela célebre “visita privada”, comumente alardeada, situações imprevista­s em terras do samba originaram uma série de mujimbos, alguns dos quais apontavam até para um hipotético desfalecim­ento durante um procedimen­to médico.

Já lá vão quase duas décadas desde o sucedido. Ainda assim, a informação aos contribuin­tes, eleitores e governados sobre o estado de saúde dos seus governante­s continua a ser visto como matéria sensível que nem o próprio tempo consegue desclassif­icar.

A forma como se está a lidar com os casos de Covid-19 na elite política é disso resultado, sobretudo quando está em causa aqueles que assumem cargos governativ­os. As informaçõe­s que surgiram sobre a saúde do governador de Benguela, a fazer fé naquilo que disse o director provincial local da Saúde, é resultado desta falta de cultura informativ­a que se estende a vários anos, o que origina especulaçõ­es.

Há largos anos, os nossos dirigentes são vistos como indivíduos que não adoecem e nem se consegue usar o caso deles para levar os angolanos a perceberem que a Covid existe. Felizmente, Rui Falcão está bem de saúde. O mesmo não acontece com outros.

Nova Iorque (EUA):

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