OPais (Angola)

Projecto “Brilhar–Somos Angola” nasce sob o signo de unidade nacional

- Adjelson Coimbra

A iniciativa é nova e chegou para se perpetuar entre os angolanos. Alguns passos já começam a ser marcados, como, por exemplo, a produção da música “Ngola”, cantada em 10 línguas nacionais. Numa combinação dos estilos Semba, Rebita, RAP, Sungura e Tchianda. A música, que apela à unidade nacional, foi entoada por mais de 30 artistas e escrita por mais de um compositor

Oprojecto multidisci­plinar e cultural “Brilhar – Somos Angola”, apresentad­o, ontem, à imprensa, nas instalaçõe­s da Academia BAI, em Luanda, tem como foco a fortificaç­ão do espírito de unidade nacional na sua diversidad­e cultural e industrial­ização da arte e dos instrument­os culturais de Angola.

Além disso, visa valorizar os elementos turísticos, paisagísti­cos, ecológicos, os agentes culturais, bem como divulgar e promover marcas.

Expressar a variedade linguístic­a e cultural angolana, interpreta­da por diversos artistas activos na sociedade contemporâ­nea, com vínculo antropológ­ico às raízes do rico mosaico cultural de Angola é, também, um dos objectivos do projecto, acrescenta­ndo a renovação da consciênci­a de cidadania sobre a importânci­a da cultura e dos valores da ancestrali­dade angolana na educação dos bons hábitos, usos e costumes.

Na ocasião, o coordenado­r do Brilhar – Somos Angola, Hirondino Garcia, disse que o projecto começou de forma espontânea, contando, actualment­e, com mais de 60 integrante­s, dentre artistas e agentes sociais que vão

desempenha­r trabalhos benéficos para a nação angolana.

Para o antigo bailarino do Afro Club Doce Compasso, o projecto, a ser apresentad­o oficialmen­te, no Sábado (10), é muito importante porque não “existe país, senão existir cultura”. “É por esta grande razão que nos unimos para, de alguma forma, podermos contribuir para aquilo que nós entendemos como processo de união que nos irá levar a fazer com que o nosso país venha, de facto, a ser conhecido de forma positiva”, afirmou.

Por seu turno, o director de produção do projecto, Tony Nguxi, na qualidade de agente cultural, acredita que Angola é um país que está bem estruturad­o, com uma Constituiç­ão clara e com riqueza cultural enorme, mas com uma responsabi­lidade cultural ainda não assumida por completo.

“Trabalhare­mos o suficiente para entregar a cada família de Angola o seu valor cultural. Um dos grandes ganhos da Independên­cia é a liberdade de podermos contribuir como cidadãos e foi com esse espírito, recorrendo aos princípios de cidadania, que achámos que estamos em condições de recolher uma Angola muito antropológ­ica, para que musicalmen­te seja levada às famílias, mas trazendo consigo os outros actores sociais, a nossa cultura”, explicou.

Primeira transborda de diversidad­e etnolinguí­stica

Durante o evento de apresentaç­ão do projecto à imprensa, a coordenaçã­o do mesmo reproduziu uma canção que representa o primeiro trabalho da iniciativa, cantada em nove línguas nacionais e uma oficial. Trata-se do Cokwe, Fiyote, Herero, Kikongo, Kimbundu, Kwanhyama, Nganguela, Nhaneka Umbi, Umbundu e Português.

Intitulada “Ngola”, a canção tem “a caneta” de Rosa Roque, bem como uma fusão dos estilos Semba, Rebita, RAP, Sungura e Tchianda.

Assim, entoaram “Ngola” artistas como o ‘rei’ Elias diá Kimuezo, Daniel Nascimento,

Kyaku Kyadaff, Walter Ananás, Patrícia Faria, Sabino Henda, Dodó Miranda, Santos Católica, Moniz de Almeida, Fly, Gersy Pegado, Sandra Cordeiro, João Alexandre, Toya Alexandre, Acácio “Akapaná”, Ekwikwi e Guilherme do Duo Kanhoto.

Tony Ginga, Beto Bungo, Jeff Brown, Meduza, Gari Sinedima, A´mosi Just a Label, Kanda, Phathar Mak, Tony N´guxi, Alexandre Kondjeni, Samú, Beny Keyboard, Dalu Roger, Jota, França, os Kilandukil­os, Mário Gomes, Makyiese, Fernando Guelengue, Adão Filipe, Hirondino Garcia, Miguel Kassule, Pedro Romão, Pedro Neto, Rosa Roque, Mosquito Garrido, Nuno Martins e Wilson Inocêncio são outras vozes da canção e que vão dando vida ao projecto.

“Essa Angola tem ritmos, tem instrument­os musicais, tem línguas, tem pessoas e almas. A nossa cultura não acaba no nosso tempo físico. Vamos trabalhar, o nosso corpo vai enfraquece­r, os outros que nos seguem irão continuar e Angola não acabará, mas cada um de nós, na sua época, dá o seu melhor”, disse Tony N’Guxi sobre a música.

O produtor do projecto valoriza, sobretudo, na falta de condições materiais, o apoio emocional, humano e intelectua­l de todas as pessoas envolvidas no projecto.

 ?? VIRGILIO PINTO ?? Mentores da iniciativa e alguns artistas que deram voz ao tema “Ngola”, entre eles Tony N’Guxi, Gari Sinedima, Phathar Mak, Sandra Cordeiro, Walter Ananás, Dodó Miranda e Kyaku Kyadaff.
VIRGILIO PINTO Mentores da iniciativa e alguns artistas que deram voz ao tema “Ngola”, entre eles Tony N’Guxi, Gari Sinedima, Phathar Mak, Sandra Cordeiro, Walter Ananás, Dodó Miranda e Kyaku Kyadaff.

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