Covid-19: Limite de 150 pessoas nos espectáculos pode influenciar na subida de ingressos
De acordo com os produtores de eventos, com o referido numéro de pessoas nos espectáculos, os ingressos, também, serão comercializados a um preço mais elevado, por não suprir com os custos de produção
ODecreto de Estado de Calamidade Pública, apresentado na Quarta-feira (7), autoriza realização de actividades recreativas no país, mas com lotação de 50 % da capacidade do espaço, o que corresponde com a presença de um público composto, no maximo, por 150 pessoas, o que, segundo os produtores de evento, não supre os custos de produção, podendo influenciar na subida dos ingressos.
Para o CEO da Zona Jovem (empresa proprietária do Duetos N’Avenida), Figueira Ginga, nos grandes eventos, o limite de 150 pessoas não compensa, pelo facto de não haver “um equilibrio no binómio custo-benefício”, ou seja, por causa de os custos de produção não terem baixado.
Nesta senda, disse que ficaria mais satisfeito com a criação de outros incentivos, como a questão incentivos financeiros por parte do Governo, para não inflacionar os preços dos ingressos. E que velassem mais pela protecção da saúde pública.
“Os gastos de produção podem vir a ser maiores do que as receitas, claramente, para os grandes eventos. Lembrando que o número máximo de pessoas permitidas é de 150. Sinceramente, acho que a solução passaria por criar outras opções, como linhas de crédito e outro tipo de incentivos financeiros e fiscais”, sugeriu, tendo considerado que a autorização da realização de eventos, sem a fiscalização devida, e com a subida de casos de doentes com Covid-19 no país, é um atentado a saúde pública.
Por sua vez, o CEO da Nova Energia (empresa propritária da marca Show do Mês), Yuri Simão, reagiu à medida no facebook, questionando se, “150 pessoas, estamos a falar de um público ou da totalidade de pessoas em um evento? Só de produção e músicos eu levo perto ou mais de 50 pessoas. E com o público teria de vender 100 ingressos. Camaradas, não há lucro neste evento, nem como pagar os custos de produção com bilheteira. Por isso os shows vão manter-se parados ou será a luta do quem vai, vai .... ”.
A CEO da Step Model, Karina Barbosa, não vê problemas no facto de a capacidade ser de 50%, mas, sim, ao de limite de lotação de 150 pessoas. “Para se fazer um evento há imensos custos de produção e com apenas 150 lugares para se venderem bilhetes o custo do show fica muito caro para os clientes. Imagine que a produção do evento custe 10 milhões de kzs. Para uma sala de apenas 150 pessoas cada bilhete irá custar aproximadamente 66.666 Kz, e este valor por pessoa é muito elevado”, observou.
Karina Barbosa ressalta que 150 pessoas como público são muito pouco para um valor de bilheteira razoável. Por isso, no seu entender, tal como nos outros países europeus e americanos, pensa que se deve retirar a lotação máxima referida e
Os gastos de produção podem vir a ser maiores do que as receitas, neste caso, para os grandes eventos. Lembrando que o número máximo de pessoas permitidas é de 150” se manterem os 50 % da capacidade nas salas, com o distanciamento de uma cadeira entre as pessoas, entrada faseada por filas e todas as demais medidas de biossegurança.
“A solução passa, também, pelo Governo implementar uma injecção financeira ao sector para que ele se possa reerguer tendo um fundo de maneio para reiniciar as actividades, depois de 7 meses paralisado durante os quais esgotou os seus recursos de emergência e quem sabe teve que recorrer a empréstimos para sobreviver”, explicou.
Paralisação do sector tida como um enorme desafio
O sector da realização de eventos esteve parado cerca de sete meses. Desta forma, Karina Barbosa considera como uma situação muito atípica e com desafios enormes, tendo em conta que as empresas tinham de se manter, remunerar funcionários, pagar impotos, embora estivessem impedidas de trabalhar.
“Felizmente, eu tenho outros negócios e fontes de rendimento, mas há projectos e eventos como shows, galas e teatro que tive que parar porque ficámos todos de mãos amarradas. A peça que fiz dia 8 de Março, ‘Elas não precisam de Homens?’ que foi um enorme êxito e que tinha já uma tour agendada, incluindo datas em Moçambique e Portugal ficou sem efeito”, revelou.
A CEO da Step, que tem um grande amor pela produção de eventos e trabalhar com o público, disse ser triste estar impedida de trabalhar no que se ama. “Muito triste foi também ver tantos artistas, prestadores de serviços, empresas de estruturas, palco, luz, som, leds, modelos, protocolos, seguranças, DJs, barmen, empresas de catering, de decoração, de geradores, e tantas outras empresas e profissionais sem trabalho, sem cachets, sem agenda e a lutarem para sobreviver”, desabafou, acrescetando que é lamentável ver sonhos de pessoas a morrer e vê-las perder o que levaram anos e até décadas a construir”.