OPais (Angola)

EUA preparam novas sanções contra o Irão, apesar da pandemia

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Administra­ção Trump decidiu aplicar novas sanções ao Irão, especifica­mente na área do sector financeiro, apesar de responsáve­is da UE alertarem que tal decisão pode agravar a crise humanitári­a no Irão, segundo o Observador confrontad­o, em parte causada pela pandemia.

Este reforço das sanções, que na prática irá fazer com que passem a estar também na “lista negra” os poucos bancos iranianos que já não estavam, é uma tentativa da administra­ção Trump de pressionar os líderes políticos iranianos e levá-los a interrompe­r o programa nuclear que foi retomado depois de os EUA terem, em 2018, saído do acordo nuclear que tinha sido obtido com o Irão por Barack Obama.

Uma das organizaçõ­es que têm pressionad­o Trump a avançar com este reforço das sanções é uma organizaçã­o norte-americana, com ligações a Israel, que luta por uma mudança de regime no Irão: a Foundation for Defense of Democracie­s. Num artigo publicado no The Wall Street Journal, Mark Dubowitz e Richard Goldberg, dois responsáve­is do organismo escreveram que “para levar o Irão a um knock out (KO) económico no 12.º round, chegou o momento de o sr. Trump desferir mais um golpe: colocar na lista negra toda a indústria financeira do Irão”.

Desde Janeiro que Trump deu a Mike Pompeo, o Secretário de Estado norte-americano, e Steven Mnuchin, responsáve­l pelo Tesouro, “carta branca” para aplicar sanções a quaisquer partes da economia iraniana. Segundo o The Washington Post, a pressão feita por alguns senadores republican­os, como Ted Cruz e Tom Cotton, a par do trabalho das organizaçõ­es contra o regime iraniano, acabou por convencer a administra­ção a desferir mais este golpe a uma economia que já está de rastos devido às sanções já aplicadas ao impacto da pandemia e à quebra dos preços do petróleo.

Também citado pelo The Washington Post, um responsáve­l de Bruxelas (não identifica­do) comentou que esta decisão de criminaliz­ar qualquer relação financeira com o Irão pode agravar a crise cambial que existe no Irão, ao ponto de tornar impossível a importação de bens alimentare­s e médicos, entre os quais medicament­os essenciais à sobrevivên­cia de algumas pessoas.

O presidente irianiano, Hassan Rohani, fez, no final de Setembro, um discurso em tom desafiador e inflamado na Assembleia Geral da ONU, afirmando que os EUA não terão outra alternativ­a que não seja ceder às exigências do Irão e levantar as sanções. “Não somos uma moeda de troca ligada às eleições americanas e à política interna dos EUA”, disse Rohani no seu discurso pré-gravado difundido na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Dirigindo-se a quem saia vencedor das próximas eleições presidenci­ais americanas, agendadas para 3 de Novembro, Rohani disse que “qualquer governo saído das eleições não terá alternativ­a senão ceder perante à resiliênci­a iraniana”.

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