(O)posição do FoA
Arecente política deste ano promete ser movimentadíssima. O facto de estarmos num ano pré-eleitoral, em que os partidos deverão afinar os seus argumentos para se apresentarem aos angolanos em 2022, faz com que se espere deste 2021 um período mais dinâmico em termos de intervenção política e apresentação de soluções para os reais problemas que o país vive.
Nos últimos tempos, levantou-se, embora de forma ténue, uma discussão em torno do papel da oposição e até que ponto esta poderia contribuir para que se ultrapassem os problemas que enfrentamos a nível político, económico e social.
Para alguns, a oposição deve limitar-se apenas a criticar, a acusar o partido no poder dos males que enfermam a sociedade. Os defensores desta tese são apologistas de que algumas ideias devem ser compartilhadas, talvez, quando estes chegarem ao poder e poderem, assim, implementar o seu projecto de sociedade.
Para outros, mesmo estando na oposição, o ideal é que regularmente fizessem o ponto de situação do país e, longe das críticas e acusações, apresentassem também possíveis soluções nos vários domínios.
O certo é que, independentemente da contestação social que se vive, fruto dos problemas económicos que se arrastam há alguns anos, solidificados pela pandemia da Covid-19, o país vai carecendo de projectos alternativos ou ideias que venham contrapor aquilo que vai sendo feito pelo partido no poder.
Hoje, sente-se, claramente, que há mais pressão por parte da sociedade civil do que propriamente dos partidos da oposição. Este facto evidencia, sobremaneira, que, na medida em que se forem resolvendo alguns problemas sociais, o partido no poder sentir-seá mais aliviado.
Estas ideias estão praticamente reflectidas na posição tornada pública esta Segunda-feira, 11, pelo responsável da organização não-governamental Friends of Angola, Rafael Moraes, que aponta mesmo ‘letargia’ e ‘falta de proactividade’. Diz o activista cívico desta instituição que, nos últimos tempos, se tem destacado na denúncia de acções de desrespeito dos direitos humanos, assim como na análise de projectos políticos e sociais do próprio Executivo, que ‘a oposição tem muito a fazer e tem sido muito fraca’.
E mais: ‘os partidos na oposição não têm feito trabalhos com vista a fazer frente ao MPLA…E tem perdido muito tempo a falar das autarquias quando há outros assuntos importantes e o pacote autárquico ainda nem está concluído’.
A julgar pelas explicações de Rafael Moraes, parece que os principais adversários dos ‘camaradas’ estão longe de vir da oposição. A não ser que apresentem algo mais do que têm oferecido aos angolanos.