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Kissinger diz que retorno dos EUA ao acordo com Irão ‘levaria armas nucleares a todo o Oriente Médio’

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Em 2015, EUA e outros países assinaram um acordo com o Irão com o objetivo de limitar o programa nuclear de Teerão, temendo o desenvolvi­mento de armas nucleares. Em troca, as sanções ao país do Oriente Médio cairiam

Henry Kissinger, que serviu como secretário de Estado dos EUA no governo do ex-presidente Richard Nixon (1973-1977), afirmou que está preocupado com um possível retorno norte-americano ao Plano de Acção Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) que pudesse desencadea­r uma corrida armamentis­ta nuclear no Oriente Médio.

“Não acredito que o espírito [do acordo com o Irão], com um limite de tempo e tantas cláusulas de escape, fará outra coisa senão levar armas nucleares a todo o Oriente Médio e, portanto, criar uma situação de tensão latente que, mais cedo ou mais tarde, vai estourar”, disse Kissinger durante uma conferênci­a on-line do Instituto de Política Popular Judaica, divulgada na Segunda-feira (11).

O ex-secretário de Estado argumenta que os líderes iranianos “não parecem achar possível desistir desta combinação de imperialis­mo islâmico e ameaça”, mas reconhece que “não disse que não deveríamos falar com eles”.

Em 2015, quando o JCPOA estava em negociação, Kissinger relutou em o receber com entusiasmo, sugerindo que as negociaçõe­s destinadas a “impedir a capacidade iraniana de desenvolve­r um arsenal nuclear” terminaram com “um acordo que concedeu essa mesma capacidade”.

O próximo presidente dos EUA, o democrata Joe Biden, que será empossado a 20 de Janeiro, manifestou a intenção de retornar às negociaçõe­s com o Irão, após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter saído do JCPOA unilateral­mente em 2018, alegando violações por parte de Teerão.

Biden destacou que o seu governo “endureceri­a e aumentaria as restrições nucleares do Irão, bem como abordaria o programa de mísseis”.

No Domingo (10), o líder supremo do Irão, o aiatolá Ali Khamenei, exigiu que os EUA suspendess­em as duras sanções económicas impostas a Teerão, observando, todavia, que o Irão não tem pressa para que Washington volte ao acordo nuclear.

Acordos de Abraão

O ex-secretário de Estado dos EUA também falou sobre as possibilid­ades que se abrem para o próximo governo dos EUA em relação aos Acordos de Abraão, que começaram a ser firmados em Setembro de 2020 e que já permitiram acordos de paz entre países árabes como Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos com Israel.

Kissinger afirmou que os acordos “abriram uma janela de oportunida­de para um novo Oriente Médio”.

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Diplomata americano Henry Kissinger

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