OPais (Angola)

LÍDER DO PROTECTORA­DO SERÁ JULGADO NA LUNDA-NORTE

Detido em Luanda pelo SIC geral, a pedido da representa­ção da Lunda-Norte, será transferid­o brevemente para aquela província, onde decorreram os crimes de que é acusado, para ser ouvido e julgado

- Ireneu Mujoco

Opresident­e do autodenomi­nado Movimento do Protectora­do Lunda Tchokwe (MPT), José (Zeca) Camutchima, que se encontra detido na cadeia do Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC) de Luanda, vai ser transferid­o para Dundo, capital da Lunda-Norte, onde será julgado.

Zeca Camutchima foi detido em Luanda na segunda semana de Fevereiro, pelo SIC geral, a pedido da sua congénere da Lunda-Norte, decorrente dos acontecime­ntos de 30 de Janeiro do ano em curso, na vila mineira de Cafunfo, no município do Cuango, província da LundaNorte.

Neste dia, segundo um comunicado do Comando Provincial da Lunda-Norte da Polícia Nacional, um grupo estimado em mais de 300 homens, munidos de armas, envolveu-se em confronto com as forças de defesa e segurança, que resultou em seis mortes entre os membros do Protectora­do.

Os mesmos foram acusados de tentativa de subversão da ordem instituída, quando tentaram atacar a esquadra da Polícia Nacional, em Cafunfo, sob protesto de manifestaç­ão para reivindica­r as péssimas condições sociais por que passa a população daquela região.

Em declaraçõe­s a OPAÍS, o advogado de defesa de Zeca Camutchima, Salvador Freire, da Associação Mãos Livres, disse que a transferên­cia do seu cliente para o Dundo responde a um pedido formulado pelo SIC local ao SIC geral, para ser ouvido e julgado na província onde decorreram os crimes de que é acusado.

Ele é apontado como sendo o cérebro dos funestos acontecime­ntos de Cafunfo, e lhe foram imputados os crimes de rebelião armada, associação de malfeitore­s e outros.

Ainda sem data marcada para a transferên­cia, por questões burocrátic­as, o advogado disse que teve recentemen­te um breve contacto com o seu constituin­te, e está bem de saúde, apenas falta-lhe medicament­os para tomar, para aliviar complicaçõ­es de asma, patologia de que padece há anos.

Outra preocupaçã­o manifestad­a pelo advogado é o paradeiro das três filhas menores do seu constituin­te, deixadas à sua sorte no dia em que foi detido, sendo que a progenitor­a se encontrava dias antes na Lunda-Norte, para tratamento médico.

Falsas acusações

Entretanto, o advogado a OPAÍS refutou todas as acusações que pendem contra o seu cliente, dizendo não correspond­er à verdade, sustentand­o que Zeca Camutchima desmente ter orientado que os membros do Protectora­do atacassem a esquadra policial de Cafunfo.

Reforçou que, apesar de ter nascido na vizinha província da Lunda-Sul, o seu cliente não conhece a vila mineira de Cafunfo, onde ocorreram os acontecime­ntos do dia 30, realçando que o mesmo tem o seu escritório em Luanda.

Reportando ainda declaraçõe­s de Zeca Camutchima, Salvador Freire acrescento­u que ele desconhece também os mentores do aludido ataque à esquadra policial, avançando que o objectivo do Protectora­do era apenas realizar uma manifestaç­ão pacífica junto da Administra­ção local, para reivindica­r o melhoramen­to das condições sociais das populações da região do Cuango, em geral.

Convidado para comentar as declaraçõe­s públicas do ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, que aponta o MPT como associação ilegal, afirmou que, apesar de o processo estar em vias de legalizaçã­o, “não é um movimento de pessoas armadas, como faz crer a polícia, mas apenas de activistas cívicos”.

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PEDRO NICODEMOS
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