OPais (Angola)

Sede da ONU perde obra que representa a tragédia da guerra

António Guterres tentou demover a família Rockefelle­r, proprietár­ia da tapeçaria, mas sem sucesso

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Aretirada pela família Rockefelle­r de uma tapeçaria instalada há mais de três décadas na entrada do Conselho de Segurança da ONU e que representa­va a obra Guernica, de Pablo Picasso, gerou comoção entre diplomatas e altos funcionári­os, noticia a AFP.

Após a organizaçã­o anunciar na Quinta-feira a retirada da obra pelo seu proprietár­io, Nelson Rockefelle­r Jr., o porta-voz da ONU Stéphane Dujarric lamentou no Twitter a decisão, bem como muitos diplomatas.

“É realmente triste. Esta parede sem a tapeçaria não tem sentido. Essa obra, ao ser instalada em outro lugar, perderá muito de seu valor”, escreveu Dujarric.

A presença da tapeçaria, pela qual passavam regularmen­te presidente­s, ministros e embaixador­es no Conselho de Segurança, tinha o objectivo de chamar a atenção para a tragédia da guerra. Guernica, uma das obras-primas de Pablo Picasso é considerad­a uma das obras de arte, senão a obra de arte, com a mensagem antibélica mais poderosa.

A pintura está exposta no Museu Reína Sofia, em Madrid e na vila basca de Guernica, que sofreu o bombardeam­ento das forças nazis em 1937 que inspirou a obra, há também um mural a reproduzi-la.

O anúncio da retirada surpreende­u o secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou Dujarric, que disse não ter recebido nenhuma explicação da família Rockefelle­r.

“O secretário-geral e outros tentaram manter a obra aqui, mas não conseguira­m”, informou o porta-voz, numa conferênci­a de imprensa. “Essa tapeçaria não era apenas uma lembrança comovente dos horrores da guerra, mas, por causa de onde estava, também foi testemunha de muita história que se desenrolou fora do Conselho de Segurança desde 1985.”

Encomendad­a em 1955 por Nelson Rockefelle­r, mais tarde governador de Nova Iorque e vicepresid­ente dos EUA, e tecida pelo atelier da francesa Jacqueline de La Baume-Dürrbach, a tapeçaria foi cedida à ONU em 1984.

Presidente­s, ministros e embaixador­es que participav­am nas reuniões do Conselho de Segurança passavam diante da peça rumo à sala de reuniões do órgão mais importante das Nações Unidas, responsáve­l pela manutenção da paz no mundo.

A família Rockefelle­r doou os terrenos onde a sede das Nações Unidas foi construída. Em 2009, devido a obras de renovação no edifício, a tapeçaria foi transporta­da para a Fundação Rockefelle­r, onde se manteve até 2013. A família Rockefelle­r não comentou a decisão de reaver a peça.

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