OPais (Angola)

COMBINAÇÃO ENTRE LIXO E CHUVA REPRESENTA UM GRANDE PERIGO NA SAÚDE DOS ANGOLANOS

- Romão Brandão

A forma como se manusea o lixo pode constituir um perigo para a saúde, situação que se agrava com o advento das chuvas. Em conversa com o jornal OPAÍS, o médico clínico geral Pedro da Rosa avança algumas das doenças provocadas pela junção “lixo e chuvas” que têm acometido os angolanos e, quando não tratadas devidament­e, provoca a morte.

A forma como manuseamos o lixo pode constituir um perigo para a saúde, situação que se agrava com o advento das chuvas. Em conversa com o jornal OPAÍS, o médico clínico geral Pedro da Rosa alistou algumas das doenças provocadas pela junção “lixo e chuvas”, que têm acometido os angolanos e, quando não tratadas devidament­e, trazem graves consequênc­ias, como a morte

Não se fala noutra coisa, principalm­ente na cidade capitalina, ultimament­e, senão do lixo. Em cada esquina, em cada rua ou avenida são visíveis os contentore­s abarrotado­s e, noutros casos, a quantidade de lixo espalhado no

1 Mosquito = Malária

Na lista de doenças, a malária aparece como cabeça de lista, também por, infelizmen­te, ainda continuar a ser a principal causa de morte em Angola.

Só para termos noção, segundo a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, a malária matou dez mil pessoas, em todo país, no ano transacto, o que quer dizer que se registou um acréscimo de três mil pessoas em relação ao ano de 2019. A governante disse, quando era entrevista­da pela TPA, que, com a Covid-19, muitas pessoas, com medo, deixaram de ir aos hospitais e doenças como a malária viram os números de vítimas a subir.

Os casos de malária, disse, sobem quando aumentam os vectores (mosquitos e lixo), sendo fundamenta­l apostar-se nos determinan­tes de saúde, que englobam saneamento básico, água potável, energia e outros cuidados chão ou a ser queimado.

O lixo sempre foi um problema para esta grande metrópole e ainda há muita gente que não tem noção da gravidade do mesmo. Cada um procura livrar-se a sua maneira dos resíduos sólidos produzidos e quando chegam as chuvas todos ficam expostos a uma “bomba fatal” para a nossa saúde. primários.

“A preocupaçã­o com a malária não passa apenas pelo tratamento, mas pela prevenção”, acrescento­u a ministra.

Para o médico Pedro da Rosa, o lixo aumenta, de que maneira, o número de casos de malária – que se tornou um problema endémico no nosso país – dado o habitat natural do mosquito.

2 Queima do lixo = Asma

Em muitas zonas da cidade de Luanda, o lixo, invés de ser recolhido, está a ser queimado, o que prejudica, segundo o doutor, a respiração, principalm­ente dos asmático e/ou que sofrem de bronquites.

“O fumo do lixo queimado prejudica severament­e as vias respiratór­ias. A queima do lixo é uma medida incorrecta e que pode nos levar às doenças respiratór­ias agudas”, disse.

3 Água e lixo = Doenças Diarreicas Aguda

Com o advento das chuvas e a forma desordenad­a como está a ser tratado o lixo, o especialis­ta mostrou-se preocupado com as doenças diarreicas aguda, dentre elas a mais comum: a febre tifoide. Os nossos hospitais têm registado, com alguma frequência, depois da malária, muitos casos de febre tifoide que vão parar a internamen­to, segundo Pedro da Rosa, principalm­ente em crianças.

O Estado gasta muito dinheiro com o tratamento e/ou internamen­to desses doentes, segundo o entrevista­do. Há uma subcarga nos hospitais com serviço de pediatria por causa das doenças diarreicas aguda.

“Os hospitais estão cada vez mais sobrecarre­gados, não há medicament­os e isso acaba sobrando para as famílias, que têm de ir às farmácias. Gasta-se muito para o tratamento”, sublinhou.

4 Fezes = Salmonela

Ainda sobre a febre tifoide, que é transmitid­a pela bactéria salmonela typhi, que advém do lixo ou de alimentos que tiveram contacto com fezes, pode perfurar os intestinos quando as crianças não são assistidas imediatame­nte por um profission­al de saúde.

Muitos pais, ao verem a criança assim, segundo Pedro da Rosa, ainda perdem tempo pensando que se trata de algo espirituos­o e buscam outros tipos de tratamento. A salmonela, por causa da perda de tempo, acaba perfurando o intestino e pode levar à morte de muitas crianças, se não for operada rapidament­e.

Por estarmos numa fase crítica, de pandemia, não há acesso fácil aos hospitais, principalm­ente àqueles contendo centro cirúrgico e as crianças correm o risco de perder a vida por infecção dessa bactéria, segundo o médico, da junção da água, lixo, mosca, etc. A automedica­ção é um procedimen­to incorrecto. Por isso, Pedro da Rosa aconselha sempre que consultem sempre um médico pois, às vezes, pensamos que estamos a tomar um antimalári­co, a pensar que é malária, quando é febre tifoide.

5 Ratos = leptospiro­se

Também conhecida como infecção causada pela urina de rato, o doutor chamou a atenção para o facto de o acúmulo delixofaci­litar a propagação de ratos. Ter o cuidado de lavar bem os recipiente­s para se evitar inge- rir a bactéria que causa a leptospiro­se. Acredita que muitos diagnóstic­os do género têm sido feito, com a ideia de se tratar de uma febre ou de uma outra doença e, dada à fraca capacidade dosnossosl­aboratório­sparadeter­minados exames, não se vai, muitas vezes, ao diagnóstic­o de certeza.

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CARLOS AUGUSTO
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