Da arrogância castrense
Após este fim-desemana, não haverá quem não conheça o General Walla. Em mais um vídeo posto a circular nas redes sociais, vemos uma altercação entre o dito General e um grupo de jovens. Do que podemos depreender na gravação de um (1) minuto e tal é que o militar convidou uma jovem a fazer-lhe companhia e a rapariga recusou-se, incendiando a ira do senhor que decide dizer que é general, que a moça tem idade para ser sua filha e que o está a desrespeitar ainda por cima com um “estrangeiro” no local.
Caro leitor, este pequeno incidente, que circula tal qual um rastilho de pólvora, pode ter várias interpretações. A primeira prende-se com o poder que as redes sociais têm nas nossas vidas. Seria impensável a algum tempo termos testemunhos destes excessos, até o próprio estrangeiro tinha o seu telemóvel em riste e filmava a confusão.
Por outro lado, mesmo que digamos que os tempos são outros há práticas que persistem, que direito tem o tal general de impor a sua vontade apenas pelo cargo que ocupa? E que mal há em uma jovem mulher negar fazer-lhe companhia?
Infelizmente, para alguns de nós, desempenhar determinado cargo legitima atitudes e posições de força, a escolta do general foi prontamente mandar desligar as gravações feitas ao incidente, contudo este tornou-se o “petisco” e “repasto” cheguei a receber o vídeo de um amigo moçambicano e que vive na Dinamarca….
Excessos e arrogâncias são frequentemente associados a elementos castrenses e este caso vem mais uma vez confirmá-lo.
Incomoda-me de igual modo este olhar enviesado para a condição da mulher, isto é, jovem numa mesa de mulheres só poderá ser “kit” e, assim sendo, posso obrigar a que me faça companhia, ledo engano….
Precisamos desmistificar este machismo “encapuzado” e chamar à razão quem se arroga em ter poder porque veste uma farda… O general deveria ser chamado por quem de direito por envergonhar os da sua classe e sancionado, mas este será mais um caso que alimentará as redes por alguns dias e, depois, rapidamente esquecido, porque, enquanto satirizamos e fazemos postagens, nos esquecemo das agruras da vida e não pensamos no lixo que continua por aí e que parece que a sua recolha nos ficará por 3.200 KZ, na chuva que não cai, nas pirotecnias políticas, na dificuldade em ter habitação porque o mercado carece de regulamentação ou em projectos como uma televisão digital terrestre para 2023 (temo que será mais um Angosat) caminhamos como cantou Paulo Flores, neste país em que nasceu o meu pai à espera de dias melhores e sem tanta esperança como a de 2017….