Cardeal Dom Alexandre completa 96 anos de vida.
Dom Alexandre Cardeal do Nascimento, o primeiro angolano a ser elevado a cardeal, completou, ontem, 95 anos de idade, numa missa de homenagem no Santuário da Muxima, em Luanda, “de boa saúde e com o espirito muito jovem”, declarou ontem, a OPAÍS, o seu sobrinho José Cerqueira, radiante de alegria
Para o nosso interlocutor, trata-se de uma grande personagem não só da Igreja Católica, mas do país e do mundo, em função dos seus feitos. Justificou essa elevação com os feitos do cardeal durante o tempo em que foi um dos responsáveis máximos da Cárita Internacional e pela forma humanista como representou Angola e os angolanos no exterior.
“Penso que é um motivo para todos os angolanos estarem contentes, com o facto de ele continuar em vida”, frisou, acrescentando, de seguida, que os “angolanos, de certeza, estão orgulhosos de o terem como o primeiro e único cardeal angolano”.
José Cerqueira contou que a família não tem tido qualquer dificuldade para conversar. Porém, por causa da Covid-19, reduziram-se os encontros presenciais e, quando tal acontece, o momento torna-se festivo.
Confidenciou ainda que o cardeal tem uma sobrinha que também se entregou à vida consagrada, tornando-se freira. Fátima Jardim, embaixadora de Angola na Itália, descreveu o cardeal como um homem que contribuiu para dar a independência e a paz para o povo angolano e que, até hoje, insiste pedindo a Deus pela prosperidade de África e dos africanos.
“Agradeço a Deus pelo seu aniversário. Desejo-lhe longa vida. Peço a Deus que ouça as suas orações para todos nós, pois o Cardeal Nascimento é, de facto, um herói vivo de Angola”, disse.
A diplomata disse que o cardeal converteu os seus inúmeros sacrifícios em glória. “É um Santo Vivo que pertence a todos nós como seus filhos e filhas. Agradecemos a Deus pelos seus 96 anos, mas queremos continuar, Senhor, a ter as suas bênçãos em vida dando-lhe muito Amor. Muitas felicidades, Dom Alexandre Nascimento! Muitos anos de vida”, desabafou, numa mensagem a que OPAÍS teve acesso.
A ministra de Estado para o sector Social, Carolina Cerqueira, outra sobrinha do cardeal, disse que ele tem dedicado a sua vida intensamente à Igreja, ao país e à família. “Muitos parabéns e que continue entre nós por muitos mais anos. Para semear serenidade, fraternidade e paz espiritual”, frisou.
Carolina Cerqueira destacou as referências que alguém numa mensagem amavelmente destacou da personalidade do cardeal e que a sensibilizaram muito. A mensagem dizia que “o Senhor Cardeal é, sem dúvidas, uma das figuras de vulto da nossa história contemporânea. Quem prega a paz, o perdão, a fraternidade e a concórdia terá sempre um lugar cativo na memória colectiva do seu povo”, frisou. Para a sobrinha do cardeal, essas palavras retratam de forma perfeita o perfil, a estatura e as grandes dimensões intelectual e humana do seu tio. “Um padrão de fé e de concórdia, de serenidade e de amor ao próximo.
A família pretende perpetuar o seu nome através da Fundação Alexandre do Nascimento para serem perenes a sua obra e o seu contributo ao bem comum de todos os angolanos e a contínua responsabilidade social que ele sempre estendeu aos mais pobres, aos mais desfavorecidos e aos mais vulneráveis de todos os recantos desta imensa Angola.
O também arcebispo emérito de Luanda nasceu na província de Malanje, em 1925. Entre os vários cargos relevantes que desempenhou na Igreja Católica, o destaque recai para o de presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, entre 1990 e 1997.