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Leia a entrevista com Carvalho Neto e saiba mais sobre a guerrilha do MPLA e as escaramuças que ocorreram em Luanda antes e depois da independência Manifestantes protegem-se enquanto enfrentam tropas de choque durante um protesto contra o golpe militar em
Quando chegou ao poder, em 2017, um dos argumentos apresentados pelo Presidente João Lourenço, ainda no discurso de tomada de posse, assentava no facto de se conhecerem novos players para a cooperação com Angola.
O facto de não ter mencionado um país supostamente amigo terá gerado calafrio sobretudo aos órfãos dos tempos de antanho.
É que durante largos anos, fruto das convivências e conivências, escolheram-se como principais parceiros em quase todos os domínios países como Portugal e o Brasil.
Tem sido sobretudo com eles que, ao longo dos 45 anos de independência, se tem feito negócios, sobretudo fora do sector petrolífero.
Apesar das cumplicidades existentes, a relação entre Angola e Portugal continua assente em algum cinismo, o que acaba por estar patente até mesmo nos negócios. O paternalismo exabercado com que determinados sectores se arrogam quando se trata de Angola é quase injustificável.
Do Brasil, apesar das fortes relações de irmandade, os últimos escândalos da Lava Jato acabaram por minar a continuidade de financiamentos . E pouco se pode esperar nesta fase.
Não obstante o factor língua que, com certeza, nos aproxima, o sector empresarial em Angola não pode ficar refém dos supostos interesses gerados nas ligações estabelecidas com uns poucos países. Muitos deles bebem de outras fontes, o que faz com que surjam na pele de meros intermediários nos grandes negócios.
Tornou-se, nos últimos tempos, quase patológico colocar-se em xeque as alianças que surjam longe daqueles que se supõem ser parceiros tradicionais. Havendo até quem enverede por informações menos abonatórias, comprometendo, inclusive, oportunidades de bons negócios que possam nascer.
Quem no início se apercebeu do surgimento da empresa de telefonia Africell deve-se ter lembrado das informações apócrifas então disseminadas sobre a sua titularidade e prováveis implicações a actividades menos honestas dos seus detentores.
O tempo encarregou-se de mostrar que, afinal, estávamos perante uma empresa norte-americana, tendo a própria embaixadora, Nina Fite, marcado presença no acto de assinatura do contrato.
Nos últimos dias, a exploração do Terminal Multiusos de Luanda ganhou relevância informativa, tudo porque também existem aqueles que não se conformam pelo facto da vencedora ser uma empresa do Dubai.
Se calhar as preferências cairiam para outros e, preferencialmente, se existissem os ditos parceiros tradicionais. A muitos angolanos parece não emergir ainda a convicção de que se pode fazer negócios directamente com outros países e empresários, sem que antes se recorra a uma ‘troika’.
Os tempos são outros. É necessário que se saiba jogar. Já é tempo de se ir à fonte sem recurso a intermediários.