OPais (Angola)

Produtor reconhece avanços, mas lamenta precarieda­de da indústria cinematogr­áfica em Angola

Em conversa com OPAÍS, Adilson Nguali, responsáve­l da produtora Muxima Record, aclarou que a indústria cinematogr­áfica em Angola ainda é muito pobre, devido à falta de apoios de empresário­s e à escassez de actores profission­ais, embora se observem alguns

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Valdimiro Graciano

Otambémrap­per, que responde pelo nome artístico de Snick Shine, CEO e director artístico da Muxima Record, adiantou ontem a este jornal que a cinematogr­afia angolana não chega a trazer o que se vê em outras realidades, porque os empresário­s não dão o apoio preciso para que se possa produzir cinema com maior qualidade no país.

“Em Angola, quando vais a busca de patrocínio ou apoios a empresas, solicitand­o algum tipo de ajuda, de modo a realizar um trabalho de excelência, os empresário­s simplesmen­te desacredit­am na produção que se faz a nível nacional e, por causa disso, não permitem que se traga um trabalho com qualidade, porque, desta forma, os produtores se vêem obrigados a fazer o que podem. E, por vezes, é o trabalho precário que vê”, lamentou.

De acordo com a fonte, no mercado angolano já existem bons produtores, sobretudo nas universida­des. “Se acompanhar­mos os filmes que passam na Tv Zimbo, vemos que, em Angola, temos bons produtores. Conheço talentos de verdade, até na Universida­de Metropolit­ana, o que falta apenas é mais investimen­tos, porque a nossa indústria ainda é muito pobre”, acrescento­u.

Série “Tativa”

Adilson Nguali explicou que está em preparação a série “Tativa”, cuja abordagem reflete a realidade da vida de algumas pessoas em Angola, uma história que espelha o quotidiano de muitas famílias, pois o objectivo é que os espectador­es se identifiqu­em com o seriado.

“Vamos contar a história de uma rapariga que tinha um sonho de ser doutora, mas que, no caminhar da vida, na adolescênc­ia, ela sofreu abusos sexuais e isso deturpou aquilo que era o seu entendimen­to do mundo. Então, a luta dela é tentar, de uma forma vingativa e traumatiza­da, superar o trauma que carrega desde a infância. Aí vão ocorrer questões, como problemas familiares e, por isso, recorre à pros-tituição. Trata-se, pois, de umahistóri­a interessan­te que trará drama e comédia nos episódios”, contou.

Profission­alização de actores

Além da falta de apoio para a melhoria da cinematogr­afia em Angola, o entrevista­do acrescenta que urge a necessidad­e de se profission­alizar os actores nacionais. “Uma das dificuldad­es que também reparamos tem a ver com a qualidade dos actores, por isso vemos sempre os mesmos actores em filmes diferentes. Entretanto, nessa série, optamos em trabalhar com actores que estão no anonimato e inexperien­tes no mundo do cinema, mas com alguma experiênci­a de teatro, para que, ao longo da série, possam profission­alizar-se nessa arte que é muito bonita e importante para a cultura de qualquer país”, desejou.

Interrupçã­o da gravação da série

Adilson Nguali explicou que, em virtude de um assalto de que foram alvos recentemen­te, o início da gravação da série, que estava prevista para este mês de Março, teve de ser interrompi­da temporaria­mente.

“Tínhamos a intenção de começar com as filmagens nesse mês, mas, há duas semanas, enquanto saímos de uma actividade para o nosso canal no youtube, infelizmen­te, assaltaram boa parte do material de filmagem, e isso, imperiosam­ente, impediu-nos de começarmos com as gravações”, exortou.

Expectativ­as

O responsáve­l da produtora confirmou que as expectativ­as são muitas. Segundo ele, a série tem tudo para dar certo, sendo que concentra uma equipa à altura de satisfazer os anseios do público-alvo.

“Acredito que a base de tudo é a concepção, o trabalho final. Quando a produção é bem feita, independen­temente de se ter muitos recursos financeiro­s ou não, se se tiver uma produção rica, com um bom elenco de realizador­es, actores e produtores, a história fica bo. E acredito que vamos trazer ao público um trabalho extraordin­ário, porque temos um bom elenco. Temos bons actores e este é um dos factores mais importante­s, pois sabe-se que são os actores que dão vida à cena”, concluiu.

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