Facebook: Plataforma de promoção e propagação do “vírus” plágio?
Os plágios tornaram-se um assunto viral nos últimos tempos, particular e especialmente em Angola. Durante o ano vinte - vinte, fomos rotulados com dois fortes e grandes plágios, que resultaram na anulação de prémios literários de renome na Literatura Angolana.
Não obstante ao grande desastre que é, ao sermos acusados ou descobertos de plagiadores, ainda tivemos quem teve a humildade de assumir o seu erro e desculpar-se do acto. Não que seja um acto heróico, pois o envolvido, ao cometer tal fraude, fê-lo conscientemente e não sob o efeito de uma água do chefe ou ka-passarinho, presumimos. Porém, apesar da desculpa corajosa e humildemente camuflada, passados quase cinco meses, o país foi assolado com mais uma peça plagial, da qual, até hoje, o envolvido diz ter sido injustiçado ao ser-lhe retirado o prémio. Neste, a outra parte, brasileira, afirmava com provas e tal de que o angolano teve contacto com o seu texto, por intermédio das redes sociais, facebook, pois é lá onde partilhava e partilha, até hoje, os seus conhecimentos científicos e trabalhos literários.
Depois dessas duas grandes babeis, surgiram ciladas entre escritores, como sempre angolanos e brasileiros, que se baseavam na acusação de plágios de textos, o que levou o outro lado, angolano, a mostrar provas de que os seus textos já existem há muito tempo, publicados nas redes sociais.
Assim, associamos as redes sociais, em particular o facebook, aos plágios, para espelhar aqui uma atitude que tem sido ignorada, por quase todos nós, quanto à desvalorização da propriedade intelectual, nesta maior rede social que nos conecta ao mundo inteiro em apenas um click.
A Propriedade Intelectual, segundo a nossa querida Wikipédia, a quem recorri, é a área do Direito que, por meio de leis, garante a inventores ou responsáveis por qualquer produção do intelecto, seja bens imateriais ou incorpóreos nos domínios industrial, científico, literário ou artístico, ou seja, o direito de obter, por um determinado período de tempo, recompensa resultante pela “criação”. É uma manifestação intelectual do ser humano.
Esse direito que tem sido desprezado e ignorado com o surgimento das redes sociais, que promovem o famoso “meme”, fenómeno de “viralização” de uma informação, ou seja, qualquer vídeo, imagem, frase, ideia, música e etc., que se espalhe entre vários usuários rapidamente, alcançando muita popularidade, segundo também a amada Wikipédia.
Com o surgimento dos memes, já não há quem respeite a intelectualidade de outrem, pois tudo tem sido levado e considerado de forma normal e aluada. E, para a mediocridade da nossa vida, tudo indica que, infelizmente, as pessoas estão a tornar-se cada vez mais corajosas quanto a este assunto “desvalorização da propriedade intelectual”. Antes fosse só uma atitude de pessoas irresponsáveis e imaturas, mas não. Infelizmente, pessoas ditas intelectuais também recorrem a essa atitude vergonhosa e não honrosa que desvaloriza a propriedade de intelectualidade de outrem.
Portais e sites de notícias partilham a mesma informação de forma escrita, tal e qual e com a presença de todos os tis e jotas, e ninguém tem a coragem de citar a fonte. E para os leitores mais atentos e conhecedores da matéria, o foco tem sido, nas poucas vezes, procurar entender a fonte principal, o primeiro a abordar, o que tem sido muito difícil mesmo, digo-o sem medo de errar.
O facebook promove na propagação do vírus plágio?
Essa é a pergunta que não se quer calar. Há dias, partilhei um dos meus poemas num dos grupos de literatas brasileiros e, para a minha surpresa, alguém comentou: “Incrível! Ainda hoje escrevi um poema com esse título exactamente”. Confesso que fiquei com medo de ser plagiada, assaltada o poema que já faz parte do meu primeiro e-book, publicado recentemente. Essa situação fez-me rapidamente reflectir novamente nas duas últimas situações que assaltaram o país que, por azar, envolvia os nossos irmãos brasileiros.
De uma maneira indirecta, não temos medo de afirmar que sim! Que as redes sociais têm sido as plataformas de promoção e propagação do vírus plágio.
Por ser um meio onde todo mundo sabe e pode, ninguém deve explicação a ninguém e todo mundo pode simular uma prova.
E se convencêssemos Mark Zuckerberg a responsabilizar as pessoas, por apropriação da propriedade intelectual na sua rede social?
Talvez ele tenha um jeito de resolver esse assunto e acabar, de uma vez por todas, com esses vírus que, há muito, tem afectado a sociedade angolana e o mundo inteiro, de uma forma geral.
Por agora, essa é uma questão que deixamos para o empresário e programador bilionário, o proprietário das quatro redes sociais mais utilizadas nos últimos doze anos.
E, quanto a nós aqui, livremonos do vírus plágio e valorizemos a propriedade intelectual de outrem, pautando sempre pela citação da fonte.
Com o surgimento dos memes, já não há quem respeite a intelectualidade de outrem, pois tudo tem sido levado e considerado de forma normal e aluada”