A nova geração, nos mídias sociais e o colapso de valores
Recordo, como hoje, o romance de Pepetela (1992), “A Geração da Utopia”, nele, o referido autor narra, entre muitas, a epopeia das glórias e das sombras de um País novo. Com isso, pretende-se dizer que os Mídias sociais, iconograficamente, representam a actual geração das redes sociais.
A geração tecnológica, parece isso, é uma espécie de utopia fragmentada por aclamações individualistas, codificando a genética da actual geração, projectada na obra do espírito do capitalismo (Weber,1904-1905), sendo que, por consequência, a mentalidade capitalista moderna, inimiga e vencedora do tradicionalismo, explora e domina.
A passagem da Sociedade Tradicional a modernidade criou um ambiente no qual a juventudeaumentou o acesso à informações e produtos culturais sem filtros nem controlo, dos pais, da família, dos professores, dos adultos e dos lideres religiosos. Tornando-se fragmentaria, opaca e mascarada (Ballesteros, 2019).
O desenvolvimento tecnológico é produto da modernidade tecnológica e da globalização financeira, das experiências altamente comunicacionais descentralizadas e privatizadas que as pessoas têm com a Internet.
As redes sociais ou mídias sociais têm como motor a internet, enquanto rede global, o acesso é aberto em quase tudo (bom e mau), combinado com a imaturidade juvenil, ingenuidade dos pais e dos sistemas de valores enfraquecidos (igrejas, mesquitas, sinagogas, templos, etc).
O secularismo, revestido do multiculturalismo, globalismo, consumismo e prazer desenfreado, é invasivo e ameaça a coesão e estabilidade familiar, social e política.
Neste sentido, Bauman (2017), referindo-se à modernidade e seus párias, aponta precisamente para a influência da volatibilidade das relações na modernidade que consomem os valores tradicionais. Assim, as famílias e os agentes tradicionais têm sido lentos na passada, que, ao entender, não protegem nem promovem os anseios valorativos tradicionais.
A rápida introdução de novas tecnologias excede, em muito, nossas capacidades sociais e morais para lidar com a devida sabedoria de forma adequada e de acordo com nossos vários valores sociais, culturais e crenças.
Pese embora isso, a mídia social ou as redes sociais têm muitos aspectos positivos, mas os negativos têm sido uma grande preocupação na nova geração. Tal é o caso das intimidações, dos boatos, das noticias falsas, visões irrealistas da vida de outras pessoas (celebridades, políticos, ricos ou pobres) e depressão do circulo de amigos e colegas. Acima desta, cita-se a falta da razão critica daquilo que é ofertado no mercado.
Notoriamente, parece que as pessoas alimentam-se das redes sociais e cujos valores éticos são confusos devido ao facto de que não há limites físicos, nem capacidade de crítica apurada. O que dificulta, em grande medida, definir ou manter normas na sociedade convencional. É realmente preocupante, especialmente para os pais que não sabem o que seus filhos estão fazendo (consumindo) na internet e nas redes sociais em particular.
A internet e as mídias sociais passaram a ocupar os lugares das famílias na educação dos filhos, e na transmissão dos valores sociais e culturais. O consumismo das redes sociais impôs as regras de convivência, a chamada a geração X (Android, Google, whatshap, facebook, instagram, Youtube etc., ) está polarizada, vítima da sociedade de consumo. O espírito do capitalismo tecnológico sobrepôs-se à geração X em que tudo parece ser permitido desde que não choque com o consumo.
Entretanto, é realmente preocupante, principalmente para os pais que não sabem o que seus filhos estão fazendo na internet e nas redes sociais em particular. Esquece-se de que as mídias sociais têm um poder atrativo e opressivo ao mesmo tempo, entre a verdade e a falsidade, entre a publicidade e a realidade, algumas vezes, converte os filhos em desconhecidos dentro da própria casa e família.
Manifestamente, o apregoado nos mídias sociais é o valor tecnológico, menos humanos, ou seja, a educação das Tic´s não centram na natureza humana, mas num profundo relativismo moral ou ético, afetando profunda o desenvolvimento integral do menor “Petices”. O que colapsa incontestavelmente à família e o seu valor referencial.
Por último, porém, não menos importante, diz-se que é urgente repensar a função social das famílias, uma vez que o colapso dos valoreséresultantedanãoassumpção do real papel dos agentes educadores, desde às família e aos Professores. Pois, se entregamos a educação das novas gerações a pessoas (através das novas mídias) alheias, sem o mínimo de referência moral, ética, cultural e religiosa, o desconhecido, obviamente, imperará, e o colapso será um facto, sem dúvidas. É, com bastante inteligência, que escrevia Pepetela: “Geração da Utopia”. E acrescentamos, “Geração da Utopia Tecnológica”