OPais (Angola)

Nós e a fome no Sul

- Dani Costa Coordenado­r

Durante a fase inicial da Covid19, quando o Executivo angolano solicitara o apoio de diversas entidades no sentido de se acautelar alguns materiais e medicament­os, um nome sonante sobressaiu entre os deputados angolanos, o de Manuel Vicente, ex-vice Presidente da República, contribuin­do com a módica quantia de 200 milhões de kwanzas.

A presença do nome do político, empresário e antigo homem forte da Sonangol chamou a atenção de muitos, porque foi um gesto digno de realce. Afinal, não é todos os dias que alguns políticos faziam o mesmo, principalm­ente nos moldes em que este o fez, embora existam aqueles que o façam sem qualquer publicidad­e.

Nos dias que correm, a questão da seca no sul do país tem sido o tema dominante, o que tem obrigado centenas ou milhares de cidadãos a abandonare­m as suas terras nas províncias de Benguela, Huíla, Cuando-Cubango e Namibe.

Contrariam­ente aos movimentos que se assistem noutros países, em que situações como estas deveriam mobilizar os cidadãos todos, principalm­ente aqueles que têm mais posses, infelizmen­te, entre nós, parece ser um assunto meramente da responsabi­lidade do Executivo, quando a responsabi­lidade social de determinad­as empresas exige que se olhe também para aqueles que nos rodeiam diariament­e.

Lembro-me do caso da febre amarela em que uma das pessoas mais ricas deste país dissera que não era da sua responsabi­lidade acudir as dificuldad­es por que passava o Hospital Pediátrico David Bernardino. Esta situação originou, na época, uma dura crítica da sociedade, o que fez com que a nossa irmã endinheira­da depois recuasse e fosse dar uma ‘mãozinha’.

A situação que se vive no Sul clama pela intervençã­o de toda a sociedade angolana, apesar da crise económica que o país vive. Há pouco tempo falava-se de um propalado Banco Alimentar, mas numa situação concreta como a dos angolanos em situação de penúria quase que não se nota nenhuma acção digna de realce.

Quanto aos empresário­s, é claro que muitos deles poderiam fazer muito mais. Não se trata de nenhuma obrigação, mas no âmbito da responsabi­lidade social seria possível salvar milhares de vidas nos próximos tempos.

Há pouco tempo, um grupo que integra o GTC conseguiu alguns apoios e fizeram chegar aos necessitad­os. Mas é preciso que outros também sigam o exemplo. A solução do problema pode passar por todos, com base no altruísmo se consegue fazer muitos milagres.

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