OPais (Angola)

Defendida a descentral­ização do licenciame­nto dos órgãos de Comunicaçã­o Social

- Neusa Filipe

AAcção para o Desenvolvi­mento Rural e Ambiente (ADRA) e o Sindicato dos Jornalista­s Angolanos (SJA) defenderam, ontem, em Luanda, a descentral­ização dos serviços de licenciame­nto dos órgãos de Comunicaçã­o Social e atenuar o excesso de burocracia existente para abertura de uma rádio comunitári­a.

Na conferênci­a sobre as Rádios Comunitári­as em Angola, realizada pela ADRA e pelo SJA, o director-geral da ADRA, Carlos Cambuta, apelou ao Executivo a levar em consideraç­ão as contribuiç­ões e propostas da sociedade, para que se possa ter uma lei que venha favorecer o processo de implementa­ção.

Numa altura em que decorre a consulta pública do Pacote Legislativ­o da Comunicaçã­o Social para a recolha de propostas e contributo­s, a ADRA procurou estudar a proposta de lei de radiodifus­ão comunitári­a, no sentido de apresentar as suas propostas que possam permitir a formulação de uma legislação que responda as reais necessidad­es dos cidadãos.

Para Carlos Cambuta, a rádio comunitári­a deve ser de inteira responsabi­lidade da comunidade, feita pela comunidade e em prol do desenvolvi­mento da própria comunidade, levando em conta um conjunto de factores para que ela possa exercer a sua verdadeira função de informar, de capacitar e contribuir para os variados desafios do progresso local. E Sublinha que a proposta de lei apresentad­a pelo Executivo omite a ideia da titularida­de.

“Nesse sentido, nós apelamos para que esta ideia da titularida­de e de pertença possa estar vinculada na própria lei, porque, se isso não estiver suficiente­mente explícito, constitui uma ameaça ao funcioname­nto das rádios comunitári­as. Isso significa que uma rádio comunitári­a não pode ser detida pelo Estado nem por um grupo de empresário­s ou de partido político”, disse.

Um dos factores que a ADRA defende que deve constar na proposta de lei de rádios comunitári­as é a questão da língua, já que em muitas aldeias do país a língua predominan­te não é o português.

Relativame­nte à atribuição de licenças para a exploração de serviço de rádio comunitári­a, Carlos Cambuta considera importante descentral­izar as competênci­as, no âmbito do reforço dos órgãos locais tendentes à descentral­ização administra­tiva e política.

Alega que a questão ligada ao financiame­nto também deve ser revista, propondo a substituiç­ão da expressão patrocínio para receitas de financiame­nto, no sentido de permitir que os patrocínio­s não sejam apenas as fontes de sustento e de sustentaçã­o das rádios comunitári­as.

Desburocra­tizar a Lei

Por seu lado, o secretário-geral do Sindicato dos Jornalista­s Angolanos, Teixeira Cândido, lamentou o facto de a Lei de Imprensa vigente no país não tratar de questões ligadas às rádios comunitári­as, alegando que a proposta de Lei da Radiodifus­ão submetida à consulta pública nega praticamen­te o direito das comunidade­s poderem ter rádios comunitári­as devido ao conjunto de exigências que a mesma traz.

Propõe que os órgãos de Comunicaçã­o Social deviam ser licenciado­s pela Entidade Reguladora da Comunicaçã­o Social ao invés do Ministério da tutela.

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