Sobrevivente não consegue pagar a fisioterapia
As vítimas são pessoas distintas, algumas estavam de passagem e outras tinham o passeio como local de trabalho. Embora seja zungueira, Adelaide Luamba, de 44 anos, não tinha aquele local como o seu para as vendas, pois, no dia do acontecimento, estava de passagem e prestes a fazer a travessia para o outro lado da estrada.
Ela diz não entender como tudo aconteceu, pelo que lembra apenas de ter ouvido um barulho grande, ter perdido os sentidos e acordado no Hospital Geral de Luanda. Não fosse a sua colega, Fátima Ferreira, que partiu uma perna em consequência da queda do mesmo muro, ter alertado que por baixo dos blocos estava Adelaide, esta não estaria viva.
Entrou no hospital na Sextafeira e, na Segunda-feira de manhã, recebeu a alta, apesar de não se sentir ainda bem. A sua coluna continua a doer muito, não consegue sentar-se nem ficar de pé. Apenas fica deitada. Quando conversou com a nossa equipa estava deitada num colchão, na sala de casa, e queixava-se de muita dor em todo o corpo.
Foi orientada a regressar, na Quarta-feira, ao hospital, para fazer mais exames, fê-los. Para sair de casa para o hospital tem sido um trabalho grande, tem de alugar um carro, apesar do pouco dinheiro que tem.
A grande preocupação está no facto de ser orientada a fazer fisioterapia numa clínica, mas está sem dinheiro para pagar as sessões. “Não temos dinheiro suficiente para marcar esta consulta, que será numa clínica indicada pelo doutor. Meu marido não tem trabalho, é zungueiro como eu, coitado”, lamenta.
Quando perguntada se a pessoa responsável pelo muro entrou em contacto consigo ou se a tem ajudado com alguma coisa, respondeu negativamente.
Nesta senda, o nosso jornal envidou esforços para contactar o responsável do estabelecimento cujo muro estava a ser construído. Um dos lados da parede tem os seguintes dizeres: “Escola de Condução Autocumona”, mas não tivemos sucesso. O espaço foi abandonado desde o acidente, ninguém o conhece ou sabe como o contactar.
Nesta conformidade, apercebendo-se da existência de um processo-crime, contactámos o comandante do Comando Municipal do Kilamba Kiaxi, que pediu que tivéssemos paciência, porque estava recentemente no cargo e o facto aconteceu antes da sua nomeação, pelo que não gostaria de falar de um assunto sobre o qual ainda não tem domínio.
O comandante contactou a comandante cessante e prometeu pronunciar-se assim que tivesse todas as informações.