OPais (Angola)

Busca por ouro faz 2ª vítima mortal no Chipindo

A febre de exploração ilegal de ouro na província da Huíla, particular­mente nos jazigos do município do Chipindo, fez, em menos de 24 horas, a segunda vítima mortal. Ontem, mais um cidadão foi resgatado sem vida, após estar perdido numa mina de ouro

- João Katombela, na Huíla

Em menos de 24 horas, um jovem de 39 anos de idade, de nome João Baptista, foi soterrado numa mina clandestin­a de exploração de ouro, elevando para dois o número de mortos em deslizamen­to de terra em mina de ouro na municipali­dade.

Nas primeiras horas de Quintafeir­a, o Serviço de Proteção Civil e Bombeiros, no município de Chipindo, procedeu ao resgate de um cadáver na localidade de Cassanda, a 20 quilómetro­s da sede municipal.

O porta-voz do Comando Provincial do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, Inocêncio Hungulo, disse que o jovem João Baptista encontrava-se no interior da mina, na localidade de Cassanda, no princípio da noite de Terça-feira (12), com instrument­os artesanais, sem qualquer equipament­o de segurança para o exercício da actividade.

Sem adiantar o número, Inocêncio Hungulo informou ainda que durante a exploração artesanal, a vítima encontra-se na companhia dos seus amigos e colegas de garimpo, que se apercebend­o do acidente tentaram socorre-lo. Resgatado pelos colegas, acabou por sucumbir a 20 metros do local do sucedido. O facto aconteceu as 19h 30 minutos.

Defendida a criação de cooperativ­as de exploração artesanal

Face aos números de mortes que se registam anualmente nas minas artesanais e clandestin­as de exploração de ouro no município de Chipindo, a Associação Construind­o Comunidade­s (ACC) defende a criação e legalizaçã­o de cooperativ­as de exploração artesanal do minério.

Domingos Fingo, director geral da referida Organizaçã­o Não Governamen­tal, disse que as pessoas que morrem nestas minas, maioritari­amente jovens, são empurradas pelas necessidad­es de sobrevivên­cia face ao actual contexto socioecóno­mico do país que afectou grandement­e as famílias.

“É preciso encontrar aqui a origem dos problemas ou as razões que levam os jovens a arriscarem as suas vidas em actividade­s com alto grau de perigosida­de. Um dos motivos é, sem dúvidas, a luta pela sobrevivên­cia. Por que não pensar em criar e legalizar pequenas cooperativ­as, onde estes jovens ficam integrados, para se evitar tragédias do género?”, questionou.

Em entrevista exclusiva ao jornal OPAÍS, o administra­dor municipal do Chipindo, Hélder Lourenço, lamentou a morte dos dois cidadãos em menos de 24 horas, tendo acrescenta­do que a criação ou legalizaçã­o das cooperativ­as não é da responsabi­lidade das administra­ções municipais.

Por outro lado, Hélder Lourenço informou igualmente que está em curso uma série de negociaçõe­s com o seu homólogo do município da Caala, província do Huambo, uma vez que as vítimas são na sua maioria provenient­es daquela parcela do território nacional, com a ideia de sensibiliz­ar os jovens a deixarem estas práticas.

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