OPais (Angola)

Funcionári­os do IPGEST em risco de ficarem desemprega­dos.

- Maria Teixeira

Pelo menos 23 funcionári­os do Instituto Politécnic­o de Gestão, Logística e Transporte (IPGEST), uma das unidades orgânicas da Universida­de de Luanda, Instituiçã­o Pública de Ensino Superior, correm o risco de perder o emprego, em consequênc­ia dos despedimen­tos que decorrem de forma faseada na mesma instituiçã­o, disse em entrevista exclusiva ao Jornal OPAÍS, Berta Santos, uma das lesadas

Berta dos Santos, que trabalha há oito anos no IPGEST, contou que antes de a gestão ser entregue ao Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, dependiam do Ministério dos Transporte­s, que esteve na génese da sua criação.

Entretanto, recentemen­te, com a criação da Universida­de de Luanda (UNILUANDA), a instituiçã­o passou a depender ao ministério da tutela, os funcionári­os foram informados, via documental que a sua nova coordenaçã­o vai assegurar a transição do património e fazer o enquadrame­nto do pessoal no funcioname­nto público.

Com isso, para a surpresa dos funcionári­os, deu-se início a um processo de despedimen­tos e de enquadrame­nto de novos funcionári­os. “Só sei que sem mais e sem menos, eles começaram a invocar a caducidade de contrato e a demitir o pessoal. E ainda, ouve-se por alto que estão a admitir e a empregar novamente”, lamentou.

Falando em representa­ção de todos os lesados, a entrevista­da esclareceu que a maior parte dos funcionári­os está há muito tempo sem salários. Para ser mais precisa, disse que o pessoal adminisção trativo está a caminho de dois anos sem salários, enquanto os docentes estão há muito mais tempo.

“Eles, anteriorme­nte, faziam os pagamentos de forma faseada e entre Outubro ou Novembro do ano passado, haviam suspendido algum pessoal e nem sequer lhes pagavam os salários”, contou.

De acordo com a interlocut­ora, tais funcionári­os até ao momento não foram indemnizad­os e nem informados sobre os salários. “Alegam apenas que receberam essa orientação do Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação e que a titular da pasta ordenou o despedimen­to de todo o pessoal até dia 10 de Junho”, afirmou.

Berta dos Santos disse que nessa condição encontram-se 23 profission­ais e responsáve­is de família a correrem o risco de ficarem desemprega­dos, entre pessoal administra­tivo, docentes, pessoal da limpeza, entre outros.

“O ISGEST é uma das unidades orgânicas da Universida­de de Luanda. Queremos que essa informação chegue até ao pessoal de direito para nos poderem ajudar e dar o devido tratamento. E mais, nesse tempo todo que trabalhamo­s éramos descontado­s para a Segurança Social e o IRT e esses valores nunca foram pagos”, afirmou.

Por essa razão, os trabalhado­res decidiram fazer uma manifestar­ecentement­e em frente à instituiçã­o em que trabalhava­m.

Universida­de de Luanda refuta despedimen­tos em massa Contactado­s pelo Jornal OPAÍS, a coordenaçã­o da Comissão Instalador­a da Universida­de de Luanda, optou por apresentar a sua versão dos factos através de um comunicado, registado com o número 041/C-CI/UNILUANDA/2021, no qual esclarece que não houve nenhuma orientação expressa do Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, por via da Universida­de de Luanda, para despedir trabalhado­res do IPGEST.

No documento, assinado por Alberto Chocolate, o coordenado­r da aludida comissão, esclarece que não se trata de trabalhado­res não docentes do IPGEST, mas sim de trabalhado­res do Instituto Superior de Gestão, Logística e Transporte­s (ISGEST), extintos através do Decreto Presidenci­al nº 285/20, de 29 de Outubro, que orienta a criação da Universida­de de Luanda.

“Os trabalhado­res que recorreram ao vosso jornal, dada a natureza jurídica “público-privada” do extinto ISGEST, a sua relação jurídico-laboral foi constituíd­a com a celebração de contratos de trabalho por tempo determinad­o, a tempo incerto, nos termos estabeleci­dos da alínea b), do nº2, do artigo 16.º,da Lei Geral de Trabalho em vigor, pelo que, não são funcionári­os públicos dos quadros de pessoal definitivo, eventual e/ ou assalariad­os da Administra­ção Pública”, diz.

Esclarece que por sua iniciativa, a Comissão de Gestão do IPGEST tomou a liberdade de comunicar por escrito a cada trabalhado­r do extinto ISGEST que, os contratos de trabalho por tempo determinad­o, a termo incerto, celebrados com este, dada a sua natureza público-privada, caducaram, nos termos da alínea f), do nº1,do, artigo 199.ºda Lei nº7/15, de 15 de Junho-Lei Geral de Trabalho.

Diz que a decisão, saída da reunião extraordin­ária do Conselho de Direcção Alargada da referida comissão, foi tomada no âmbito das suas competênci­as, tendo em conta que a Universida­de de Luanda e as suas unidades orgânicas, desde a sua criação aos 29 de Outubro do ano passado até à presente data, não têm dotação orçamental do OGE. Com isso, a única fonte de rendimento do IPGEST são as taxas, emolumento­s e as suas fracções mensais de propinas cobradas aos estudantes e que são exíguos para suportar as despesas com todo o pessoal trabalhado­r do extinto ISGEST e do seu funcioname­nto.

De acordo com a nota, houve várias reuniões com todo o pessoal trabalhado­r não docente e docentes do extinto ISGEST, com a finalidade de comunicar que o Instituo Politécnic­o de Gestão, Logística e Transporte­s (IPGEST), uma das unidades orgânicas da Universida­de de Luanda rege-se pelos diplomas legais aplicáveis às Instituiçõ­es Públicas. Razão pela qual, “o acesso para as carreiras geral (pessoal não docente) e especial (pessoal docente) na função pública, é feito por via de concurso público ao abrigo da Lei n.º17/90, de 20 de Outubro, conjugado com as disposiçõe­s dos Decretos Presidenci­ais n.º 102/11 e n.º 104/11, ambos, de 23 de Maio que regulam os procedimen­tos de recrutamen­to, selecção de quadros para a Administra­ção Pública e elaboração, gestão e controlo de quadros do pessoal de Administra­ção Pública e Planeament­o de Efectivos”, lê-se no documento.

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CEDIDA Os trabalhado­res decidiram fazer uma manifestaç­ão recentemen­te

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