Pequim acusa EUA de exagerar “ameaça chinesa”
A China acusou, ontem, Washington de exagerar a alegada “ameaça chinesa”, após a adopção, no Senado dos Estados Unidos, de um texto descrito como “histórico”, para se opor à China na questão da inovação tecnológica
Este “projecto de lei revela o egocentrismo e o orgulho paranóico” dos Estados Unidos, denunciou o Comité dos Negócios Estrangeiros, citado pela agência de notícias Nova China. O comité acusa Washington de exagerar a chamada “ameaça chinesa”.
Num raro momento de união entre democratas e republicanos, o Senado dos EUA aprovou, na Terçafeira, um projecto de lei que prevê investimentosambiciososemciência e tecnologia.
O plano destina mais de 170 mil milhões de dólares para investigação e desenvolvimento, e visa, principalmente, incentivar as empresas a produzirem semi-condutores nos Estados Unidos, hoje fabricados, principalmente, na Ásia.
A escassez global está a atingir muitos sectores importantes, dos automóveis às comunicações, ilustrando o interesse estratégico desta produção.
O texto, descrito como “histórico”, foi aprovado por 68 votos contra 32 no Senado. Agora deve ser adoptado, definitivamente, em data ainda não marcada, pela Câmara dos Representantes, antes de ser promulgado pelo Presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden.
O Presidente democrata saudou a adopção do texto, afirmando, num comunicado,queosEstadosUnidos estavam engajados “numa competição para vencer no século XXI”.
Se não fizermos nada, os nossos dias como uma superpotência dominante podem acabar [...]. É por isto que este texto será lembrado como um dos maiores sucessos alcançados
entre os democratas e os republicanos na história recente”, alertou, antes da votação, o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer.
Para Schumer, este projecto “abre caminho para o maior investimento em ciência e tecnologia em várias gerações”.
Este projecto de investimento “oferece aos Estados Unidos a oportunidade de desferir um golpe, de responder à concorrência desleal que vemos por parte do Partido Comunista Chinês” (PCC), acrescentou o republicano Roger Wicker, número dois da comissão de Comércio, onde o texto foi negociado.
Pequim é regularmente acusado porWashingtondeespionagemindustrial e ameaças à segurança nacional.
Em causa, estão 52.000 milhões de dólares a aplicar, ao longo de cinco anos, em incentivos à produção de chips e semi-condutores nos EUA.
O plano aloca ainda 120.000 milhões de dólares à National Science
Foundation para a investigação em áreas consideradas essenciais, como a inteligência artificial.
A este montante somam-se 1.500 milhões de dólares para o desenvolvimento da quinta geração móvel (5G), uma das principais áreas de tensão entre a China e os EUA.