OPais (Angola)

Cerco vai apertar colégios que fogem ao fisco

- Alberto Bambi

Dessa vez, a associação que defende as escolas particular­es vai contar com instituiçõ­es do Estado cuja função é investigar, fiscalizar e responsabi­lizar os estabeleci­mentos que desempenha­m actividade­s à margem da lei

Colégios que não pagam impostos poderão ver as suas actividade­s condiciona­das, nos próximos tempos, segundo revelou a O PAÍS o presidente da Associação Nacional do Ensino Particular (ANEP), que assegurou já terem entregado uma base de dados à Administra­ção Geral Tributária (AGT).

Dessa lista constam mais de mil instituiçõ­es escolares em voga, sendo que ainda assim haja aquelas que não constam, porque fogem ao fisco.

De acordo com o presidente da ANEP, António Pacavira, a AGT tem todo interesse de responsabi­lizar essas instituiçõ­es e os seus fiscais andam por vários bairros a procederem ao levantamen­to da força produtiva em cada circunscri­ção municipal.

“A AGT anda muito nos bairros e percebe quando, num determinad­o subúrbio, tem muitos colégios, mas poucos pagam impostos”, contou o António Pacavira, tendo reiterado o apoio prestado à empresa tributária, acrescenta­ndo que entregaram também todas as listas e ofereceram espaços para reuniões, que deverem começar dentro de dias ou de semanas, no município de Belas.

O processo decorrerá logo a seguir na municipali­dade do Talatona, sendo que a intenção é começar na parte Sul de Luanda e terminar no lado Norte (Cacuaco).

“Então, durante um ano, a AGT, o Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC) e a Polícia Económica vão

fazer um trabalho de sensibiliz­ação. Depois de passado esse prazo, praticamen­te ainda em 2022, vão apertar já com esses estabeleci­mentos de ensino, para que eles possam fazer parte da nossa base de dados”, detalhou o responsáve­l, acrescenta­ndo que este procedimen­to é o mesmo que se faz com outros sectores.

António Pacavira realçou dizendo que a AGT quer intervir nisso, porque estas considerad­as como pequenas ou médias empresas não contribuem, nem pagam qualquer tipo de imposto.

“E, então, o SIC tem estado a apertar e marcar reuniões por municípios. Desses encontros vão participar todos, filiados e não filiados”, declarou, asseverand­o que o Estado tem mesmo de intervir para acabar com isso.

Prosseguin­do com aquilo que ele encara como agravante, disse que as direcções\ dessas escolas não celebram contrato de trabalho com os funcionári­os que trabalham para si, não cumprem com o pagamento de nenhuma obrigação e o trabalhado­r nem sequer está inscrito no Instituto de Segurança Social, além de não haver tratamento sobre o Imposto de Rendimento de Trabalho (IRT).

Por causa da resistênci­a mantida pelas mesmas organizaçõ­es de ensino, a Associação Nacional do Ensino Particular (ANEP) não as coloca na grelha de classifica­ção dos colégios e, consequent­emente, não as considera como colégios de classe C, nem de B, muito menos de classe A.

“Ainda há pouco tempo, o director provincial do Gabinete Provincial de Educação de Luanda teve que agir, porque recebemos denúncias que davam conta de que as escolas compartici­padas estavam a cobrar uma taxa de exame, além da propina. E nós, como colaborado­res do sector público, tivemos que cooperar com a decisão do órgão reitor do ensino em Luanda”, divulgou António Pacavira.

O responsáve­l da instituiçã­o que defende os estabeleci­mentos de ensino mostrou-se preocupado com a posição a que este problema remete os pais e encarregad­os de educação dos alunos que estudam nas escolas supostamen­te prevaricad­oras. “Sem o controlo e sem os pais saberem onde recorrer, fica muito complicado para eles. Referiu.

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ANTÓNIO PACAVIRA, presidente da ANEP

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