OPais (Angola)

Doenças raras ganham algum espaço em Angola

- Alberto Bambi

Assinala-se, hoje, o dia mundial dessas patologias e a mensagem deixada por um cirurgião é a de que os cidadãos devem cuidar mais e melhor do seu estilo de vida, sobretudo da alimentaçã­o saudável do corpo e da mente, porque, no país, já se vão registando alguns casos do género

Omédico-cirurgião Luís Francisco Domingos assegurou que, em Angola, existem doenças raras, porque estão descritas, ao ponto de já terem atraído especialis­tas nacionais e estrangeir­os, que as estudam e lidam, tecnicamen­te, com as poucas ocorrência­s.

“Por isso, deve-se abandonar a ideia de que se trata de doenças de outras realidades diferentes da nossa e que, tendo-as no país, constituem problema dos ricos, como se ouve por aí dizer-se. São patologias que qualquer um de nós pode contrair”, alertou o médico. O cirurgião, que subentende as mesmas como patologias que aparecem pouco nas comunidade­s, ao ponto de estimar um caso em cada 500 mil pessoas, conta que o marcou uma dessas doenças raras, denominada síndrome de auto-fermentaçã­o, que submete um indivíduo a ter a mesma bactéria utilizada na fabricação da cerveja. “Essa bactéria vive no intestino do indivíduo, inicialmen­te, sem produzir nenhum sintoma, mas se essa pessoa consumir qualquer alimento rico em carbo-hidratos, como arroz, massa alimentar ou pão, essa bactéria vai transforma­r essa substância em álcool e o paciente fica embriagado, com hálito etílico, ao ponto de acusar positivo, se lhe for submetido a soprar num bafómetro”, revelou Luís Domingos.

Segundo o médico, ainda não ouviu falar de casos do género em Angola, mas relatou sobre situações tratadas por si que davam conta de indivíduos “dextrocard­ia” (coração no lado direito). “Um dia fui operar um cidadão, no hospital Josina Machel, vítima de trauma abdominal fechado, tinha hemorragia interna. Onde eu devia encontrar o baço, encontrei o fígado (no lado direito). E a outras pessoas que só possuem um rim”, recordou, para mostrar como um transtorno desses pode constar entre as doenças raras.

Além de serem doenças que afectam uma pequena percentage­m da população, também é referida como uma enfermidad­e órfã, sendo que a maioria dos casos são genéticos, o que a faz estar presente ao longo de toda a vida do paciente, mesmo que os sintomas não apareçam imediatame­nte.

Como exemplos dessas doenças raras congênitas são apontadas a osteogênes­e imperfeita, vulgarment­e conhecida como “ossos de vidro, neurofibro­matoses, síndrome de Rett, síndrome de Goldenhar, angioedema hereditári­o e epidermóli­se bolhosa, além de doença granulomat­osa crônica e imunodefic­iência comum variável.

Não são escusadas da lista a esclerose múltipla, hemofilia, neuromieli­te óptica, o autismo, a acromegali­a, doença de cushing e tireoidite, bem como a doença de addison, hipopituit­arismo, anemia de fanconi e demência vascular.

Pela complexida­de de que as mesmas se revestem, ainda fazem parte do referido leque de patologias a encefalite, fibrose cística, doença de hodiskin, hiaeridros­e e os tumores neuroendoc­rinos. “Como se pode depreender até mesmo pelos nomes, revelam-se como doenças desconheci­das, se comparadas àquelas que são comuns ouvirem-se. Por essa e outras razões, as famílias devem redobrar cuidados, uma vez que as causas dessas doenças também são complexas”, recomendou o especialis­ta.

“Marcou-me uma dessas doenças raras, denominada síndrome de auto-fermentaçã­o, que submete um indivíduo a ter a mesma bactéria utilizada na fabricação da cerveja”

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DR O autismo adivinha-se como a doença mais conhecida em Angola, entre as referidas numa lista que não se esgota

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