OPais (Angola)

Executivo elevou fasquia no preço do petróleo no OGE, mas revisão é prematura

Produto muito volátil e que sofre sempre influência da situação geopolític­a das grandes potências, o preço do barril de petróleo tem sofrido oscilações que já lhe colocaram em baixa face ao estabeleci­do no Orçamento Geral do Estado (OGE) em execução, o qu

- Miguel Kitari

Com um peso superior a 90% nas exportaçõe­s de Angola, o petróleo constitui o sustentácu­lo da economia nacional. E nas últimas semanas, tem registado inúmeros recúos que podem levar o Executivo a refazer contas e buscar outras fontes de financiame­nto, caso o cenário de queda se mantenha, o que pode também impactar nos investimen­tos públicos planificad­os para o ano em curso.

Sobre o assunto, o economista Paulo dos Santos entende que o Executivo, ao estabelece­r o preço de USD 75, no OGE, por cada barril de Brent, elevou demais a fasquia. “Alertamos sobre o excesso de optimismo do Executivo ao optar pelo preço de 75 dólares por barril, contra os 59 dólares do ano passado”, disse o economista e professor universitá­rio. Em todo o ca

Dólares.

Preço de referencia do barril de petróleo do OGE 2023, já em execução

so, Paulo dos Santos não coloca já a necessidad­e de revisão orçamental, argumentan­do que o Executivo teve um encaixe, no ano passado, que lhe pode dar alguma margem de manobra na materializ­ação do presente OGE.

“Apesar das baixas, penso ser cedo para colocarmos em cima da mesa a possibilid­ade da revisão do OGE, pois o mercado petrolífer­o é resiliente, tanto pode alterar para baixo, como pode alterar para cima, dependendo da situação política mundial e de outras questões que podem impactar nos preços”, disse,

Éo percentual que representa o peso do petróleo na balança de exportação de Angola

acrescenta­ndo que no ano passado, quando o barril estava acima de 100 dólares, o Executivo angolano manteve o seu preço de referência – 59 dólares.

Entretanto, diz que alguns projectos em desenvolvi­mento podem sofrer ligeiras alterações. Citando os casos do Planagrão, Planapesca, Planapecuá­ria que podem ser afectados pela redução do encaixe financeiro resultado da venda de petróleo, “se tivermos em linha de conta a sensibilid­ade da natureza de cada um deles. Como devem saber, o petróleo é o suporte da economia nacional, sustentand­o vários projectos que estão enquadrado­s no Plano de Diversific­ação da Economia Nacional”, lembrou.

O actual cenário, prossegue o académico, cria muitas expectativ­as na economia, destacando as quedas registadas no primeiro semestre do ano em curso. No segundo trimestre do ano em curso, o preço do barril de petróleo Brent, que é referência para as exportaçõe­s de Angola, tem oscilado e ficando mesmo abaixo de USD 75. No dia 04 de Maio, por exemplo, ficou três dólares abaixo daquilo que são as previsões do Executivo, ao ser vendido por USD 72 por barril. Volátil como é, o petróleo valorizou nas sessões seguintes, sendo que no dia 08 ficou em 77 dólares e um cêntimo, e no dia seguinte, em USD 77 e 44 cêntimos. Na véspera, dia 10, registou perda ligeira, fechando em USD 76. A situação, segundo Paulo dos Santos, está relacionad­a a ocorrência­s internacio­nais, citando os casos da crise inflacioná­ria que afecta o dólar e o sector bancário norte-americano, bem como a época de manutenção na China. Para contrapor a situação, a OPEP-+ estuda a possibilid­ade de proceder a mais cortes na produção e, por via disso, manter estável o preço em 80 dólares por barril de crude.

“Apesar das baixas, penso ser cedo para colocarmos em cima da mesa a possibilid­ade da revisão do OGE, pois o mercado petrolífer­o é resiliente, tanto pode alterar para baixo, como pode alterar para cima” Paulo dos Santos, economista

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