EMPODERAMENTO EUROPEU
As mudanças anunciadas pela UEFA tornam os clubes europeus mais endinheirados ainda e dão um sutil recado ao continente americano: se reinventar é preciso, morrer não é preciso. Endividados em função da pandemia de covid-19, os todo-poderosos clubes europeus tentaram fundar uma Liga Europeia e fracassaram. A UEFA já vinha discutindo mudanças no formato da competição há muito tempo, mas sem consenso entre os membros. As mudanças tornam a competição, sem dúvida, mais atraente e rentável do que nunca. Divididos em 4 grupos de 9 times, os clubes farão na verdade somente mais duas partidas extras (oito) do que o modelo anterior (seis), na primeira fase, sem ida e volta (outra novidade bem-vinda) e com mais times competitivos no grupo. Não vai impactar no calendário folgado europeu e teremos muitos duelos entre os grandes europeus, agora não mais divididos. As partidas saltam de 125 para 225 no total. Uma das reclamações anteriores era a falta de confronto entre os grandes da Europa na fase de grupos. Muito divididos e misturados com equipes irrelevantes, como as do Chipre ou Bulgária, por exemplo, a festança de distribuição de vagas tornava a primeira fase monótona, previsível e refém do sorteio. Agora, com o novo formato, não. Com a venda dos direitos televisivos para o mundo todo, o avanço rápido do streaming, mais jogos ao vivo e um reinventado modelo de campeonato, os jogos terão caráter de minicampeonato e cada partida conta, já que somente os oito primeiros com mais pontos avançam à segunda fase, independentemente dos grupos. E o mais importante: haverá uma repescagem com jogos mata-mata pra decidir os outros oito clubes que continuam na competição. Mais emoção e competitividade. E, claro, mais dinheiro do que nunca! Fica o aviso para a Conmebol, a Confederação Sul-Americana de Futebol: é preciso reformular urgentemente a Libertadores da América, empoderar os clubes sul-americanos, aumentar as receitas porque vamos ficar cada vez mais atrás dos grandes clubes europeus.