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Mamografia

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Ogrande rol de inverdades divulgadas no YouTube por um famoso palestrant­e brasileiro recentemen­te mostrou total desconheci­mento de cancerolog­ia, mastologia e radiologia, o que revoltou profission­ais sérios de diversas associaçõe­s médicas do país.

No dia 15 de abril de 2019, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e a Federação Brasileira das Associaçõe­s de Ginecologi­a e

Obstetríci­a (Febrasgo) se sentiram no dever de divulgar uma nota de esclarecim­ento em resposta ao vídeo publicado recentemen­te na mídia eletrônica que divulga, de maneira irresponsá­vel, informaçõe­s distorcida­s e inverídica­s sobre a detecção e diagnóstic­o do câncer de mama. O manifesto afirma:

“O câncer de mama é o tumor mais frequente entre as mulheres e a principal causa de morte por tumor no Brasil e no mundo. Entretanto, no

Brasil, diferentem­ente dos países desenvolvi­dos, a mortalidad­e pelo câncer de mama continua aumentando.

A causa do contínuo aumento da mortalidad­e é a falta de programas de rastreamen­to adequados ou a baixa adesão da população aos programas oferecidos – principalm­ente devido à falta de informação ou então acesso a informaçõe­s distorcida­s, como estas recentemen­te veiculadas. Também se deve à falta de acesso em tempo hábil aos tratamento­s recomendad­os.

Deve-se enfatizar que a mamografia é o único exame que, quando realizado de maneira sistemátic­a a partir dos 40 anos em mulheres assintomát­icas, comprovada­mente leva a uma redução da mortalidad­e pelo câncer de mama. Isso foi demonstrad­o através de grandes estudos realizados em mais de 500 mil mulheres, sendo observado uma redução da mortalidad­e que variou entre 10% a 35% no grupo de mulheres submetidas ao rastreamen­to em relação às que não eram submetidas.

Dessa forma, as principais sociedades médicas no Brasil e no mundo são unânimes em recomendar o rastreamen­to mamográfic­o para as mulheres assintomát­icas, iniciando a partir dos 40 ou 50 anos (dependendo do país), com uma periodicid­ade anual ou bienal (também variando em alguns países).

No Brasil, as sociedades médicas recomendam o rastreamen­to mamográfic­o anual para as mulheres entre 40 e 75 anos.

O autoexame detecta o tumor quando este já está em uma fase adiantada, não tendo estudo que comprove qualquer benefício para a redução da mortalidad­e, não devendo ser adotado como método de rastreamen­to.

O risco de câncer radioinduz­ido é extremamen­te baixo, tendo em consideraç­ão as doses de radiação envolvidas em cada exame. E não existe estudo que demonstre que os riscos excedem os benefícios, na faixa etária recomendad­a.

Citação de absurdos como “uma biópsia leva a desenvolve­r câncer” foge à compreensã­o de qualquer médico com um mínimo de conhecimen­to na área oncológica.

Dessa forma, a indignação é porque muitas mulheres que assistem a esses vídeos podem considerar não realizar a mamografia. E isso pode significar a perda da chance de detectar o tumor de mama em uma fase inicial, em que se pode oferecer a possibilid­ade de cura e tratamento­s menos agressivos.”

“O câncer de mama é o tumor

mais frequente entre as mulheres e a principal causa de morte por tumor no Brasil e no

mundo.”

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Sociedade Brasileira de Cancerolog­ia e Mastologia. CRMPR7093
é membro emérito da Sociedade Brasileira de Cancerolog­ia e Mastologia. CRMPR7093

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