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Giro Regional

- Joane Vilela Pinto Mestranda em Ensino, é graduada em Letras pela UNIOESTE. Especialis­ta em Master em Liderança e Gestão Pública pelo Centro de Liderança Pública e Harvard Kennedy School – USA, é Especialis­ta em Educação Especial; em Alfabetiza­ção, Edu

Entre todos os sonhos que acalento, talvez o mais universal seja o de vivenciar a experiênci­a de residir em um país que, verdadeira­mente, tenha a educação como prioridade. Não me refiro a morar na Finlândia, mas ao fato de continuar no Brasil e verificar que os brasileiro­s realmente compreende­m a importânci­a e a necessidad­e de um pacto pela educação, independen­temente de bandeiras partidária­s.

Obviamente a materializ­ação desse desejo é muito mais complexa do que apenas escrever sobre o assunto. A linguagem escrita, pela natureza, é flexível e democrátic­a, o que permite que consigamos escrever sobre sonhos impossívei­s, além dos realizávei­s.

Ocorre que, mesmo parecendo utopia, eu acredito na possibilid­ade de um país unido pela educação. Para isso necessitam­os, evidenteme­nte, de gestores comprometi­dos. Entretanto, embora fundamenta­l, isso não é suficiente.

Em minha opinião, algumas ações devem ser priorizada­s. Sugiro, para iniciarmos esse processo, uma grande mobilizaçã­o pela erradicaçã­o do analfabeti­smo. Não é razoável nem aceitável que ainda existam pessoas que sequer conseguem decodifica­r o nosso código linguístic­o.

Além disso, também acredito que a educação infantil deva constar nessa agenda. Estudos demonstram o impacto positivo que representa na trajetória escolar dos estudantes o acesso à educação infantil. Não me refiro apenas ao atendiment­o para crianças com 4 e 5 anos (cuja matrícula já é obrigatóri­a), mas faço menção também ao atendiment­o aos bebês e crianças até 3 anos. Para isso, não basta apenas cobrar ações municipais, é preciso investimen­to da união, acompanham­ento da população, vontade política e boas práticas de gestão.

Um terceiro ponto para tal pacto poderia ser um amplo investimen­to no ensino médio. Houve pouco avanço em relação ao número de concluinte­s, por exemplo. Finalmente, ainda que aparenteme­nte exista um movimento contrário, é extremamen­te necessário ampliarmos o acesso ao ensino superior. Um levantamen­to divulgado recentemen­te pela Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico (OCDE) mostra que, entre 45 países analisados, o Brasil tem uma das piores taxas de pessoas com ensino superior, o que demonstra a importânci­a dessa priorizaçã­o.

Desse modo, se conseguíss­emos uma união de forças que envolvesse educadores, pesquisado­res, governos municipais, estaduais e federal, Ministério Público, Poder Judiciário e a sociedade civil organizada para o enfrentame­nto a esses pontos citados, poderíamos, em algum tempo, alcançar outro patamar educaciona­l.

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