Giro Regional
Entre todos os sonhos que acalento, talvez o mais universal seja o de vivenciar a experiência de residir em um país que, verdadeiramente, tenha a educação como prioridade. Não me refiro a morar na Finlândia, mas ao fato de continuar no Brasil e verificar que os brasileiros realmente compreendem a importância e a necessidade de um pacto pela educação, independentemente de bandeiras partidárias.
Obviamente a materialização desse desejo é muito mais complexa do que apenas escrever sobre o assunto. A linguagem escrita, pela natureza, é flexível e democrática, o que permite que consigamos escrever sobre sonhos impossíveis, além dos realizáveis.
Ocorre que, mesmo parecendo utopia, eu acredito na possibilidade de um país unido pela educação. Para isso necessitamos, evidentemente, de gestores comprometidos. Entretanto, embora fundamental, isso não é suficiente.
Em minha opinião, algumas ações devem ser priorizadas. Sugiro, para iniciarmos esse processo, uma grande mobilização pela erradicação do analfabetismo. Não é razoável nem aceitável que ainda existam pessoas que sequer conseguem decodificar o nosso código linguístico.
Além disso, também acredito que a educação infantil deva constar nessa agenda. Estudos demonstram o impacto positivo que representa na trajetória escolar dos estudantes o acesso à educação infantil. Não me refiro apenas ao atendimento para crianças com 4 e 5 anos (cuja matrícula já é obrigatória), mas faço menção também ao atendimento aos bebês e crianças até 3 anos. Para isso, não basta apenas cobrar ações municipais, é preciso investimento da união, acompanhamento da população, vontade política e boas práticas de gestão.
Um terceiro ponto para tal pacto poderia ser um amplo investimento no ensino médio. Houve pouco avanço em relação ao número de concluintes, por exemplo. Finalmente, ainda que aparentemente exista um movimento contrário, é extremamente necessário ampliarmos o acesso ao ensino superior. Um levantamento divulgado recentemente pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que, entre 45 países analisados, o Brasil tem uma das piores taxas de pessoas com ensino superior, o que demonstra a importância dessa priorização.
Desse modo, se conseguíssemos uma união de forças que envolvesse educadores, pesquisadores, governos municipais, estaduais e federal, Ministério Público, Poder Judiciário e a sociedade civil organizada para o enfrentamento a esses pontos citados, poderíamos, em algum tempo, alcançar outro patamar educacional.