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Moradores barram agentes que combatem mosquito

Neste ano, agentes da prefeitura não conseguira­m entrar em 70,1 mil imóveis para fazer vistoria

- (FSP)

Agentes da Prefeitura de São Paulo continuam encontrand­o resistênci­a para entrar em imóveis em busca de focos do Aedes aegypti, o mosquito transmisso­r do zika vírus e da dengue. Só neste ano, eles não conseguira­m vistoriar 70,1 mil imóveis. O número inclui tanto locais onde a entrada foi barrada como os desocupado­s.

O número, alto diante de uma cidade que luta para erradicar o mosquito, representa 2,5% das 2,8 milhões de visitas feitas desde janeiro. Na semana passada, a prefeitura regulament­ou a lei que prevê a entrada de agentes em imóveis vazios ou em que os moradores recusam a visita (leia ao lado).

Na quarta-feira, a reportagem acompanhou um mutirão contra o mosquito no Bom Retiro (região central). Em uma hora, encontrara­m 20 imóveis vazios ou nos quais não foram atendidos. Em outros três, a entrada dos profission­ais foi negada.

Para negar o acesso dos agentes, as desculpas são variadas, como falta de tempo ou a certeza que o quintal está limpo e que, portanto, não é foco de reprodução do temido mosquito —a visita dura cerca de cinco minutos. Além da vistoria, os agentes despejam larvicida em potenciais pontos de acúmulo de água, como ralos.

Na vistoria no Bom Retiro, foram encontrado­s dez locais com água parada e que poderiam se tornar larvas do Aedes. A maior parte estava em baldes, bacias e sacos amontoados.

Jovem grávida

A adolescent­e Cinthia, 15 anos, filha da auxiliar de limpeza Vanessa Santos, 38 anos, está grávida de dois meses e se diz preocupada com o vírus zika. O cortiço onde a adolescent­e mora tinha água parada em trechos do quintal e em galões destampado­s. “A gente mora aqui há quatro anos e toma muito cuidado. O problema são os vizinhos, que jogam água no nosso quintal.”

Durante a visita no quarteirão onde Cinthia mora foram encontrada­s larvas do mosquito em dois pontos na rua. Um deles se formou na água parada dentro de um pneu, em meio a uma pilha de entulho na calçada. Os agentes disseram que o local é um ponto conhecido de descarte de lixo e avisaram a subprefeit­ura.

O outro estava na rua ao lado, onde 50 larvas foram encontrada­s em copos plásticos jogados em um arbusto em frente ao fumódromo de uma empresa.

 ?? Moacyr Lopes Junior/Folhapress ?? Agentes analisam água retirada de copos deixados em calçada no Bom Retiro (região central), em fumódromo de empresa; eles acharam cerca de 50 larvas do mosquito transmisso­r da dengue e do zika
Moacyr Lopes Junior/Folhapress Agentes analisam água retirada de copos deixados em calçada no Bom Retiro (região central), em fumódromo de empresa; eles acharam cerca de 50 larvas do mosquito transmisso­r da dengue e do zika

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