Agora

Sem Pato, mas com peru

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O Ministério da Saúde adverte: viver pode causar depressão. Às vezes a gente se sente sem saída. Todo dia se faz sempre igual, a começar pela leitura do jornal. A primeira passada de vista pelas notícias da primeira página já dá uma sensação desalentad­ora.

Surto de corrupção e zika vírus, a desfaçatez de Eduardo Cunha a pecar em nome de Jesus, a tragédia de Mariana que contamina o país adentro pelo Rio Doce, a inflação de dois dígitos, crimes e violência policial. Até a mobilizaçã­o estudantil contra o fechamento das escolas, um sopro de idealismo, é tomada pelos black blocs.

Melhor pular para o caderno de esportes. Dou de cara com a cara bem cara de pau do Del Nero. Vou vomitar no banheiro. Volto mareado, viro a página e vejo o Pato com aquele jeito de pato em Londres. Vontade de pular pela janela. Não há nada mais deprimente do que esse cara, que agora foi à Inglaterra rodar bolsinha. Sempre há um louco disposto a bancar esse sujeito sem sangue nas veias.

Jogador tem de ser gladiador. O talento é o diferencia­l, mas a base de tudo é o suor. O Peter Pan da bola se acostumou a ganhar sem esforço, desde que foi campeão mundial pelo Inter em 2006, contra o Barcelona, em seu terceiro jogo como profission­al. A partir daí vive na Terra do Nunca, enganando aqui e ali, convicto de que vale mais de R$ 100 milhões.

Pior que há clube que alimenta a fantasia, nessa roda de dinheiro fácil e sujo que sustenta o futebol. Quem sai de campo sempre leve, seja qual for o resultado do jogo, não vale um tostão.

Melhor parar por aqui. Perdoem-me o mau humor. Boas festas e feliz Ano-Novo. Sem Pato, mas, se possível, com um suculento peru à mesa. Que 2016 nos traga ventos melhores.

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