Água abaixo
As chuvas da última quinta foram sem dúvida fora do normal. Elas são as maiores culpadas pelas 25 mortes registradas nas enchentes no Estado de São Paulo.
Em apenas 24 horas, choveu em Guarulhos quase o mesmo que a média de março inteiro. Em Mairiporã e Franco da Rocha, um pouco menos que isso.
O poder público, porém, não pode ser pego de surpresa. Precisa se precaver, pois eventos como esse acontecem com alguma frequência.
“Todo verão a gente sabe que vai chover, e aí precisa ter reservação dessa água, porque infelizmente as várzeas foram ocupadas”, disse o governador Geraldo Alckmin (PSDB) em 2011, quando Franco Rocha enfrentou outra enchente terrível.
Alckmin prometeu, naquele momento, construir quatro piscinões. Só em dezembro de 2015 houve sinal verde para licitar a obra do primeiro deles.
Além disso, nesses cinco anos, o governador não gastou nem um centavo dos R$ 65 milhões previstos para reassentar moradores em áreas de risco. Não é assim que se planejam as coisas.
Mas esse tipo de problema não é só do go- verno estadual. Outra reportagem mostrou que o prefeito Fernando Haddad (PT) usou apenas 39% da grana prevista no Orçamento para controlar enchentes de 2012 a 2015.
A prefeitura dá a desculpa de sempre: faltaram recursos prometidos pelo governo federal.
É bom lembrar que a ocupação de encostas e várzeas não acontece por acaso, mas por desleixo dos governos.
A mudança climática deve tornar grandes enchentes e outros eventos extremos mais frequentes. Diante disso, o descaso dos governos torna-se, a cada verão, mais e mais criminoso.