Fila faz o Metrô ter lucro com os bilhetes de papel
Com dificuldade dos passageiros para carregar cartão, subiu 16,5% arrecadação na bilheteria das estações
Enquanto os passageiros sofrem há mais de três meses com os problemas para recarga do Bilhete Único nos terminais de atendimento e com longas filas e falta de troco para comprar passagens nas bilheterias do Metrô de São Paulo, a companhia do governo Geraldo Alckmin (PSDB) chega até a lucrar com a situação.
Dados mostram que dezembro de 2015 teve, por ampla margem, a maior quantidade de bilhetes unitários de papel vendidos nos últimos dois anos.
Foi nesse mês que a Rede Ponto Certo, maior operadora de terminais de recarga do Bilhete Único, decidiu encerrar suas atividades nas estações — “empurrando” os usuários para as filas e para os bilhetes de papel, na contramão da tecnologia e do avanço do cartão eletrônico.
As filas têm causado irritação. A pedagoga Fernanda Raluy, 23 anos, já acumula três meses sem conseguir recarregar seu Bilhete Único. “Perdi várias aulas, chegava 30, 40 minutos atrasada, na média”, conta.
Em dezembro, quando a crise começou, foram vendidos 10,5 milhões de bilhetes de papel, gerando arrecadação de R$ 36,6 milhões —aumento de 16,5% em relação ao mês anterior e de 12% ante dezembro de 2014, já desconsiderando a elevação da tarifa.
No mês passado, por exemplo, também foram vendidos 15% mais bilhetes unitários que em fevereiro de 2015. O aumento da venda desses bilhetes de papel nos últimos três meses vai na direção contrária à tendência de esvaziamento desse modo de pagamento —em 2014, a queda foi de 5%.
Se, por um lado, isso resulta em filas, de outro é a única modalidade em que os cofres do Metrô ficam com a tarifa cheia de R$ 3,80 paga pelos passageiros.
“No Bilhete Único, por exemplo, há várias categorias temporais em que a tarifa é mais baixa [no mensal, é de R$ 3,50]. Sempre se desconta a comissão das empresas que vendem os créditos [média de 2%]‘, afirma José Carlos do Nascimento, diretor de finanças do Metrô de São Paulo.