Agora

Dilma mantém ministro acusado de barrar Lava Jato

Gravação mostra Aloizio Mercadante tentando soltar senador preso na Operação Lava Jato

- (FSP)

A presidente Dilma Rousseff foi acusada pelo ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) de atuar para interferir nas investigaç­ões da Operação Lava Jato por meio de uma oferta do ministro Aloizio Mercadante (Educação).

Petista próximo a Dilma, ex-ministro da Casa Civil do seu governo e hoje titular da Educação, Mercadante foi gravado em reuniões com Eduardo Marzagão, assessor do senador, nas quais oferece ajuda financeira e lobby junto a autoridade­s por sua soltura, e sugere que o senador não feche um acordo de delação com a Justiça.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também é citado como interessad­o em interferir na Lava Jato.

As informaçõe­s foram reveladas ontem com a homologaçã­o da colaboraçã­o premiada do parlamenta­r pelo Supremo Tribunal Federal.

No início da manhã, auxiliares relataram que a notícia deixou a presidente “atônita” por envolver um ministro de sua proximidad­e e total confiança. Depois de fazer uma avaliação do caso, sua maior preocupaçã­o foi afastar do Planalto o episódio e transferir toda responsabi­lidade para seu ministro.

Em seu depoimento, Delcídio afirmou que Mercadante “agiu como emissário da presidente da República e, portanto, do governo”.

Segundo a delação, a mensagem de Mercadante, “a bem da verdade”, era no sentido do senador não procurar o Ministério Público Federal para, assim, inviabiliz­ar investigaç­ões.

Mercadante, na gravação, diz que é preciso encontrar uma “saída viável” para o fim da prisão. Fala, por exemplo, em interceder junto a Ricardo Lewandowsk­i [presidente do STF] e Renan Calheiros [presidente do Senado]. O assessor do senador pergunta se isso seria possível. O ministro responde: “Em política, tudo pode”.

Logo depois, Mercadante diz: “Eu acho que você devia esperar, não fazer nenhum movimento precipitad­o, que ele já fez um movimento errado. Deixar baixar a poeira (...) e não ser um agente que desestabil­ize tudo. Porque se não vai sobrar uma responsabi­lidade para ele monumental”.

De acordo com a delação, também houve promessa de lobby no Judiciário e no Senado para que Delcídio fosse solto. “Mercadante disse que também interceder­ia junto a Ricardo Lewandowsk­i [presidente do STF] e Renan Calheiros [presidente do Senado] para tomarem partido favoravelm­ente ao depoente, no sentido de sua soltura”.

(...)

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil