Para governo, Lula virar ministro é a única saída
Se aceitar cargo no 1º escalão, ex-presidente vai responder a processos no Supremo Tribunal Federal
Dada como certa dentro do Palácio do Planalto, antes mesmo de uma resposta oficial, a entrada do ex-presidente Lula no governo é vista como a salvação da presidente Dilma Rousseff por sua equipe e com preocupação pelo mercado.
Antes mesmo da chegada do petista a Brasília, no final da tarde de ontem, a presidente já havia se antecipado e avisado um pouco antes ao ministro Ricardo Berzoini que Lula deveria ir para seu lugar, na Secretaria de Governo. A pasta é a responsável, hoje, pela articulação política.
O “sim” oficial de Lula ao convite de Dilma para integrar seu ministério, segundo assessores presidenciais, estava previsto para ser dado durante reunião entre os dois no início da noite no Palácio da Alvorada.
A reunião começou pouco depois das 19h. Antes do encontro, Lula comentou com amigos que ainda não estava totalmente decidido a aceitar o convite. Motivo: sua família não ficaria protegida de um pedido de prisão do juiz Sergio Moro como ele e a maioria da população poderia condená-lo por estar querendo fugir da Justiça.
A definição, porém, poderia ocorrer na conversa no Alvorada, na qual ele deveria impor algumas condições para sua eventual entrada no governo: autonomia na articulação política com a base aliada e mudanças na política econômica para garantir a retomada do crescimento.
O governo e amigos de Lula defendem a entrada do expresidente no governo sob o argumento de que ele poderá evitar a aprovação da abertura de um processo de impeachment na Câmara, evitando a queda de Dilma.
Já a oposição ataca a medida dizendo que seu objetivo é dar foro privilegiado ao ex-presidente e, com isso, evitar que ele seja preso.
Tucanos e democratas dizem que Lula está fugindo do juiz Sergio Moro, para quem foi transferida decisão do pedido de prisão feito pelo MP de São Paulo por suspeitas de favorecimentos no sítio de Atibaia e do tríplex do Guarujá.