Para ministro, ofensa de Lula é de mente arrogante
Membro do STF sai em defesa do tribunal e afirma que insulto ao Judiciário é reação torpe e indigna
Integrante mais antigo do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Celso de Mello afirmou ontem que as “ofensas” e “grosserias” do ex-presidente Lula ao tribunal representam uma reação “torpe e indigna”, que é típica de “mentes autocráticas e arrogantes” que temem a prevalência da lei.
Segundo o ministro, “con- dutas criminosas perpetradas à sombra do poder jamais serão toleradas”. O discurso ocorreu logo na abertura da sessão e foi acertado como uma resposta institucional às gravações que mostram Lula afirmando à presidente Dilma Rousseff que o STF é um tribunal acovardado.
Os ministros têm demonstrado desconforto com as repetidas citações nas investigações da Lava Jato de que haveria interferência do governo, especialmente de Dilma, em favor de presos em tribunais superiores.
Em sua manifestação na sessão, Celso de Mello fez questão de não citar o nome de Lula e afirmou apenas que “conhecida figura política de nosso país, em diálogo telefônico com terceira pessoa, ofendeu, gravemente, a dignidade institucional do Poder Judiciário”.
“Esse insulto ao Judiciário, além de absolutamente inaceitável e passível da mais veemente repulsa por parte desta Corte Suprema, traduz, no presente contexto da profunda crise moral que envolve os altos escalões da República, reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes que não conseguem esconder, até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e irresponsável, o temor pela prevalência do império da lei e o receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de juízes livres e independentes”, disse Celso.
O decano no Supremo Tribunal Federal afirmou que os juízes “não hesitarão em fazer recair sobre aqueles considerados culpados, em regular processo judicial, todo o peso e toda a autoridade das leis criminais de nosso país”.