Lula adota tom conciliador em ato pró-Dilma na Paulista
Ex-presidente disse que é possível consertar mandato de Dilma e que ‘não vai ter golpe’
Em discurso diante de 95 mil pessoas na avenida Paulista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou um tom conciliador com a oposição, gritou “não vai ter golpe” junto com os manifestantes e disse que é possível consertar a gestão Dilma até o final do mandato.
Desta vez, ao contrário do que fizera em falas recentes e seguindo estilo de trégua sinalizado em carta no dia anterior, o petista preferiu não fazer ataques à Lava Jato e ao Judiciário.
Lula foi alvo de críticas depois que foram tornados públicos trechos de grampos em que afirma que o Supremo Tribunal Federal está “acovardado”.
No início da noite de ontem, Lula falou por cerca de 20 minutos, em ato organizado por PT, sindicatos e movimentos sociais para a defesa do mandato da presidente, que enfrenta processo de impeachment no Congresso.
Em alguns pontos do discurso, todo de improviso, o petista sinalizou uma trégua com os antipetistas do país —no domingo passado, 500 mil pessoas lotaram a Paulista para pedir o afastamento de Dilma do governo federal, no maior protesto político da história do país.
“Não nos tratem como inimigos. Não veja ninguém de vermelho como inimigo. A nossa bandeira verde e amarela está em nossa consciên- cia, em nosso coração.”
E completou, desta vez direcionando a fala aos presente: “Temos que convencê-los [os adversários do PT] que democracia é o resultado do voto da maioria do país.”
“A democracia é a convivência para a adversidade. Eu quero que a gente possa conviver de forma civilizada com as nossas diversidades”, disse. “Não existe espaço para ódio neste país. Tem gente que prega a violência contra nós 24 horas por dia”.
Mas disse que chegará ao governo para ajudar a presidente ao estilo “paz e amor”, aquele menos radical adotado na eleição de 2002 que o levou ao Planalto.
“Relutei muito para ir pro governo. Agora eu virei outra vez ‘Lulinha, paz e amor”, eu não vou lá [no governo] pra brigar, vou ajudar a Dilma.”
Segundo ele, até 2018, há tempo “suficiente para virar a história deste país”. Num pedido de voto de confiança, disse que irá conversar de integrantes de movimento sociais a empresários.
Na fala, não fez nenhuma menção ao grampo no qual Dilma indica que a sua nomeação ao ministério é uma forma de protegê-lo de eventual pedido de prisão.
Supremo
Ontem à noite, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes determinou a suspensão da posse de Lula como ministro da Casa Civil do governo Dilma.
Ele determinou ainda que as investigações da Operação Lava Jato sobre o petista fiquem sob a condução do juiz Sérgio Moro.