Mairiporã tenta regularização
População em Caieiras e Mairiporã cresceu bem mais do que a média do Estado na década de 1990
Numa ladeira do Parque Náutico, perto da rodovia Fernão Dias, em Mairiporã (Grande SP), casas precárias coladas umas às outras são um emblema da ocupação desenfreada que levou a população da cidade a mais do que dobrar de tamanho em duas décadas e meia.
Foi lá na rua Primavera que, em meio à chuva forte e ao solo encharcado, parte das construções veio abaixo com a terra, matando dez pessoas de duas famílias —de um total de 25 mortos no Estado entre quinta (10) e sexta-feira (11).
Essa expansão populacional vem atingindo especialmente os municípios que beiram a divisa com a zona norte da capital, região da serra da Cantareira, segundo levantamento da reportagem com base em dados da Fundação Seade e do IBGE.
Mais habitantes
Em 1991, Mairiporã tinha 39.719 habitantes. Estimativas de 2015 apontam para 90.103 —aumento de 127%.
Além dela, Caieiras, Francisco Morato e Franco da Rocha foram as maiores vítimas do temporal —e também tiveram explosão de habitan-
A prefeitura de Mairiporã diz que tenta impedir novas invasões na região da tragédia afixando placas proibindo a venda de lotes, mas que são removidas com frequência por moradores que negociam terrenos ali.
O deficit habitacional na tes acima da média do Estado (em torno de 41%) nas últimas décadas.
A área que concentrou as mortes em Mairiporã é motivo de uma pendência judicial que se arrasta desde 1994, quando houve um avanço das invasões. Naquele ano, a dona da área, Maria das Graças Magalhães Alluani, pediu a reintegração de posse. Em 2011, a Justiça decidiu favoravelmente à proprietária. Mas não há data para a reintegração. cidade é de 9.000 moradias.
A administração diz que busca fazer a regularização fundiária de bairros irregulares, mas somente os que não são consideradas de risco.
Outra dificuldade é que 83% do município em região de preservação.