O impeachment nas ruas
Depois de meses de disputas políticas e jurídicas, enfim foi formada a comissão que vai analisar o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados.
A situação agora é bem diferente do momento em que essa comissão foi convocada, em dezembro.
Verdade que naquela época já pareciam claros os sinais de isolamento do governo. Difícil que fosse diferente diante da crise econômica e dos baixíssimos índices de popularidade da presidente.
O pedido de impeachment, porém, era ba- seado principalmente em irregularidades que a presidente fez com os recursos públicos, as chamadas pedaladas fiscais. Mas, hoje, parece que ninguém lembra disso.
Agora, a situação é outra, cheia de elementos que favorecem a indignação popular.
Dilma nomeou o ex-presidente Lula para o Ministério da Casa Civil. Muita gente entendeu isso como forma de protegê-lo da Operação Lava Jato, que investiga o petrolão.
Também teve a delação premiada do exlíder do governo Delcídio do Amaral (MS). A sensação é que todo o sistema petista vai ruindo.
Em consequência, depois da megamanifestação de domingo passado (13), as pessoas continuaram protestando em vários locais do país. Além disso, cresceu o apoio da população ao impeachment, hoje de 68%.
O governo até que demonstrou alguma reação. Na pior semana desde o início do segundo mandato de Dilma, conseguiu juntar quase 100 mil pessoas na avenida Paulista.
Os deputados certamente analisarão o impeachment com um olho no Congresso e outro nas ruas. Eventual vitória de Dilma parece a cada dia mais difícil.