Lama que não vai embora
Em 5 de agosto completam-se nove meses da tragédia ambiental causada pelo rompimento de uma barreira de minérios da Samarco, que provocou 19 mortes em Mariana. Minas Gerais.
A investigação do desastre continua sem uma conclusão. Ainda não se sabe se a responsabilidade é só da mineradora ou se o poder público também deixou de cumprir seu papel.
Uma coisa, ao menos, fica clara com o passar do tempo. A divisão de obrigações entre vários órgãos do Estado é um problema que atrapalha bastante o esclarecimen- to definitivo da tragédia.
Uma prova disso aparece em reportagem publicada pelo jornal “Folha de S.Paulo”. Descobriu-se que o governo mineiro recebeu informações, sim, e chegou até a vistoriar as obras na barragem suspeitas de causar o desastre. Mas, no inquérito do caso, afirmou que não sabia das alterações que estavam sendo feitas por lá.
A divergência pode parecer absurda, mas é comum na burocracia do país, resultado da falta de comunicação entre órgãos oficiais.
As vistorias reveladas agora foram feitas pela Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais em três datas, de 2013 a 2015.
Em janeiro, porém, a Fundação Estadual do Meio Ambiente, ligada à secretaria, afirmou que não tinha recebido nesse período qualquer notificação de mudanças na barragem.
A confusão não termina aí. O acordo bilionário para a mineradora consertar os estragos causados pela tragédia, assinado em junho, foi suspenso um mês depois pelo Superior Tribunal de Justiça.
Se depender do Estado brasileiro, o impacto da catástrofe mineira ainda vai durar muitos anos.