Com caravanas, Cuba inicia homenagens a Fidel Castro
Funeral leva milhares à capital, Havana, de onde sairá um cortejo até Santiago; funeral será dia 4
Havana Com uma salva de canhão às 9h locais (12h em Brasília), Cuba deu início, ontem, aos seis dias de despedida do líder Fidel Castro.
Desde as primeiras horas da manhã, milhares de cubanos começaram a chegar à Praça da Revolução, onde haverá homenagens até amanhã, quando o cortejo fúnebre começa uma peregrinação de 600 km até a cidade de Santiago de Cuba.
Ao contrário do previsto, a urna com as cinzas não estava exposta. Em seu lugar, seus admiradores passavam em fila diante de uma foto sobre um altar de Fidel jovem, vestido em uniforme militar e com mochila nas costas. A imagem está guardada por militares.
A multidão reunia caravanas de funcionários públicos, pessoas que vieram por conta própria e simpatizantes estrangeiros, além de muitos jornalistas. Por segurança, o acesso à praça foi restringido a algumas entradas, e logo grandes filas se formaram.
Vestindo o uniforme da Alfândega cubana, Mario Betancourt, 73 anos, chegou com colegas de trabalho. Ele definiu o líder cubano como “escudo” do país.
“Ouvir seus ensinamentos por 50 anos nos fez comunis- tas. E comunista significa muitas coisa, como deixar de ser egoísta”, afirma.
Para ele, nada muda com a morte de Fidel. “O partido tem o caminho traçado, não é ideia de um homem apenas”, diz Betancourt.
Mesmo mancando por problema no joelho, a aposentada Mercedes Soto, 65 anos, caminhou sozinha à praça. “Ele me inspirou a me tornar enfermeira. Antes, só ricos iam à universidade.”
Também havia um grupo de cerca de 30 veteranos da guerrilha de Fidel que tomou o poder em Cuba, em 1959.
“Fidel deixou o futuro escrito. E para lá vamos”, disse o veterano Hever Sánchez, 78 anos. Em seguida, pergunta: “Lula vem?”.