Após vaga na decisão, Caio disse que morreria feliz
Treinador que levou a Chapecoense a uma inédita final de Sul-Americana estava no auge da carreira
“Se morresse amanhã, eu morreria feliz.” A frase foi dita por Caio Júnior à Globo um dia antes do duelo com o San Lorenzo, realizado na última quarta-feira, em Chapecó. Em campo, a Chapecoense segurou o 0 a 0 e alcançou o maior feito em 43 anos de história: a inédita classificação à final da Sul-Americana. “Se morresse hoje, eu morreria feliz”, repetiu o técnico após bater os argentinos.
Nascido em Cascavel (PR), em 8 de março de 1965, Caio era uma das figuras mais adoradas pela torcida entre os 44 membros da Chape mortos no voo que levava a equipe até Medellín. Estavam a bordo o técnico, 23 atletas —três sobreviveram— e 24 membros da delegação (comissão técnica, funcionários, diretoria e convidados).
“O Caio vivia um momento gracioso. Ele encontrou uma cidade e um clube que o abraçaram. Na quarta, muitos torcedores vieram abraçá-lo, tirar selfie”, disse o assessor de imprensa do clu- be Adriano Rattmann.
Também morreram outros três ídolos: o goleiro Danilo, o capitão Cléber Santana e o artilheiro Bruno Rangel. O camisa 1, destaque da campanha, pegou quatro pênaltis do Independiente-ARG, nas oitavas de final, e salvou o time com uma defesa com o pé na última quarta-feira.
Resgatado com vida, Danilo só teve a morte comprovada depois de uma série de desencontros que desesperaram a família. “Meu coração está despedaçado”, contou Alaíde Padilha, mãe do atleta. Após uma confirmação e uma desconfirmação, a Cruz Vermelha anunciou no fim da tarde que o arqueiro não resistiu. Ele era casado com Letícia Padilha e tinha um filho, Lorenzo, 2 anos.
Marinalva Santana, 63 anos, mãe de Cléber, foi levada a um hospital de Olinda (PE) ao saber do acidente. A família pretende informá-la só hoje da morte do filho.
Entre os 24 membros da delegação estava Anderson Paixão. Filho do preparador físico Paulo Paixão, ele seguiu a carreira do pai e estava no clube desde 2011. Paulo perdeu outro filho em 2002.