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Após vaga na decisão, Caio disse que morreria feliz

Treinador que levou a Chapecoens­e a uma inédita final de Sul-Americana estava no auge da carreira

- (Felipe Cerqueira, FSP, UOL e Agências)

“Se morresse amanhã, eu morreria feliz.” A frase foi dita por Caio Júnior à Globo um dia antes do duelo com o San Lorenzo, realizado na última quarta-feira, em Chapecó. Em campo, a Chapecoens­e segurou o 0 a 0 e alcançou o maior feito em 43 anos de história: a inédita classifica­ção à final da Sul-Americana. “Se morresse hoje, eu morreria feliz”, repetiu o técnico após bater os argentinos.

Nascido em Cascavel (PR), em 8 de março de 1965, Caio era uma das figuras mais adoradas pela torcida entre os 44 membros da Chape mortos no voo que levava a equipe até Medellín. Estavam a bordo o técnico, 23 atletas —três sobreviver­am— e 24 membros da delegação (comissão técnica, funcionári­os, diretoria e convidados).

“O Caio vivia um momento gracioso. Ele encontrou uma cidade e um clube que o abraçaram. Na quarta, muitos torcedores vieram abraçá-lo, tirar selfie”, disse o assessor de imprensa do clu- be Adriano Rattmann.

Também morreram outros três ídolos: o goleiro Danilo, o capitão Cléber Santana e o artilheiro Bruno Rangel. O camisa 1, destaque da campanha, pegou quatro pênaltis do Independie­nte-ARG, nas oitavas de final, e salvou o time com uma defesa com o pé na última quarta-feira.

Resgatado com vida, Danilo só teve a morte comprovada depois de uma série de desencontr­os que desesperar­am a família. “Meu coração está despedaçad­o”, contou Alaíde Padilha, mãe do atleta. Após uma confirmaçã­o e uma desconfirm­ação, a Cruz Vermelha anunciou no fim da tarde que o arqueiro não resistiu. Ele era casado com Letícia Padilha e tinha um filho, Lorenzo, 2 anos.

Marinalva Santana, 63 anos, mãe de Cléber, foi levada a um hospital de Olinda (PE) ao saber do acidente. A família pretende informá-la só hoje da morte do filho.

Entre os 24 membros da delegação estava Anderson Paixão. Filho do preparador físico Paulo Paixão, ele seguiu a carreira do pai e estava no clube desde 2011. Paulo perdeu outro filho em 2002.

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Gilberto Pace Thomaz/27.jun.16/Chapecoens­e O técnico Caio Júnior, que já passou pelo Palmeiras, era uma das figuras mais queridas pela torcida

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