Conversa confirma atuação de assessor em caso Geddel
Gustavo Rocha, da Casa Civil, aparece em gravação feita por ex-ministro; Temer também foi gravado
As transcrições de áudios gravados pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero confirmam a atuação do principal assessor jurídico da Presidência, Gustavo do Vale Rocha, no caso do empreendimento imobiliário em Salvador (BA) que derrubou o ex-ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo).
Rocha, subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, subordinado ao ministro Eliseu Padilha, diz que iria “dar entrada” com “pedido protocolar”, se referindo a recurso no Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que havia embargado a obra na Bahia, de interesse de Geddel.
O teor dos telefonemas foi divulgado pela Globonews.
Em outro telefonema, o presidente Michel Temer disse ter sido “inconveniente” com o então ministro da Cultura ao insistir para que ele permanecesse no cargo.
As conversas foram gravadas pelo próprio Calero e entregues à Polícia Federal. A crise veio à tona após entrevista do ex-ministro. Geddel pediu demissão após revelar o teor do depoimento de Calero à PF.
Temer reclamou publicamente sobre o fato de ter sido gravado. Em coletiva, usou as palavras “indigno” e “gravíssimo” para classificar o ato de registro de ligações. No diálogo do presidente com Calero, não há menção direta ao caso do prédio em- bargado pelo Iphan.
Os áudios foram analisados pela PF e depois enviados para o Supremo Tribunal Federal (STF).
A Procuradoria-Geral da República (PGR) vai avaliar o material, junto com o depoimento do ex-ministro, e decidir se pede ou não abertura de inquérito ao Supremo.
Há ainda uma gravação de conversa de Calero com o ministro Padilha, mas a qualidade de audição não é boa, de acordo com apuração da reportagem, o dificulta a sua transcrição.